A modelo ítalo-marroquina Karima El-Mahroug, pivô do escândalo sexual que abalou a imagem do ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, voltou nesta quarta-feira (5) a um tribunal de Milão após 10 anos.
Conhecida como "Ruby", a jovem é alvo do Ministério Público junto com outros 28 réus pela acusação de corrupção em atos judiciários e falso testemunho, além de mais 20 garotas que participavam das noitadas, como a brasileira Iris Berardi.
Segundo o Ministério Público, entre 2010 e 2014, Berlusconi teria gastado mais de 10 milhões de euros para manipular testemunhas em seus julgamentos, incluindo garotas de programas que iam em suas mansões para as festas apelidadas de "bunga-bunga" e assegurar que elas mentissem em seu favor.
Os advogados de defesa de "Ruby", Jacopo Pensa e Paola Boccardi, enfatizaram que a modelo nunca mentiu e que nunca pegou dinheiro do ex-primeiro-ministro para ficar calada ou contar mentira.
"Hoje provamos que Karima é uma mulher profundamente diferente daquela descrita no processo, daquela menininha que entrou e fugiu de 16 comunidades para menores", explicou Boccardi, no início da audiência.
A defesa da ítalo-marroquina pediu sua absolvição e acrescentou que Karima tem "uma marca indelével gravada em sua pele, foi tachada de uma prostituta quando era menor de idade", usada como "isca", mas "nunca cometeu atos sexuais com Berlusconi".
Hoje, depois que seus advogados apresentaram sua defesa na audiência, Karima lamentou como o caso afetou sua vida e disse esperar que o processo "termine o mais rápido possível, porque foi um grande pesadelo".
"Espero ter minha vida de volta e poder vivê-la com serenidade.Todo mundo pode ver que sou marcada com uma letra escarlate. Sempre tive medo de ser explorada e acho que você pode entender isso", declarou aos jornalistas.
A acusação quer o confisco de mais de 20 milhões de euros dos envolvidos, sendo 10,8 milhões de Berlusconi e 5 milhões de Ruby, além de uma pena de prisão de cinco anos para a modelo.
"Para mim foi um dia muito emocionante, é a primeira vez que me sinto defendida, nunca me senti realmente defendida, nem mesmo no momento em que fui vítima", declarou ela.
No próximo dia 17 de outubro haverá uma nova audiência, na qual a defesa do ex-premiê será ouvida. (ANSA)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA