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Meloni exige novo governo leal ao atlantismo e à Europa

Meloni exige novo governo leal ao atlantismo e à Europa

Berlusconi rebateu declarações de futura premiê da Itália

ROMA, 19 outubro 2022, 18:09

Redação ANSA

ANSACheck

Divergências têm marcado relação entre Berlusconi e Giorgia Meloni - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

A líder do partido ultranacionalista Irmãos da Itália (FdI), Giorgia Meloni, provável futura premiê, disse nesta quarta-feira (19) que pedirá "clareza" aos seus ministros sobre a posição do país na Europa e na Aliança Atlântica, após seu aliado Silvio Berlusconi criar uma saia justa para ela em relação à invasão da Rússia à Ucrânia.

"Eu fui, sou e sempre serei clara sobre uma coisa: pretendo liderar um governo com uma linha de política externa clara e inequívoca. A Itália faz parte, plena e de cabeça erguida, da Europa e da Aliança Atlântica", alertou em comunicado.

Segundo ela, "quem não concorda com esta pedra angular não poderá fazer parte do Executivo".

A declaração é dada após Berlusconi, amigo de longa data do presidente russo, Vladimir Putin, declarar a deputados de seu partido, o conservador Força Itália (FI), que havia "retomado relações" com o líder do Kremlin, com quem teria inclusive trocado bebidas alcóolicas e "cartas muito doces".

Além disso, a agência de notícias LaPresse divulgou um áudio comprovando o teor da fala do ex-premiê da Itália e novas gravações que ampliam o constrangimento para Meloni, que já prometeu manter o apoio à Ucrânia contra a invasão russa.

Em nota, a deputada do FdI assegurou que a Itália, com um eventual governo liderado por ela, "nunca será o elo fraco no Ocidente", mas sim "vai aumentar sua credibilidade e defender seus interesses".

"Sobre isso vou pedir clareza a todos os ministros de um possível governo. A primeira regra de um governo político que tem um forte mandato dos italianos é respeitar o programa que os cidadãos votaram", concluiu ela.

O líder do partido Força Itália, por sua vez, rebateu Meloni em comunicado. "Em 28 anos de vida política, a escolha atlântica, o europeísmo, a referência constante ao Ocidente como sistema de valores e alianças entre países livres e democráticos têm sido a base do meu compromisso de líder político e homem de governo. Como expliquei ao Congresso dos Estados Unidos, a amizade e a gratidão para com aquele país fazem parte dos valores aos quais desde menino fui educado pelo meu pai. Ninguém, eu enfatizo ninguém, pode se dar ao luxo de questionar isso", declarou.

De acordo com Berlusconi, sua “posição pessoal e a do Força Itália não diferem da do governo italiano, da União Europeia, da Aliança Atlântica, nem sobre a crise ucraniana, nem sobre as outras grandes questões da política internacional”.

“Temos demonstrado isso em dezenas de declarações oficiais, atos parlamentares, votações nas Câmaras", enfatizou o ex-premiê, acrescentando que teve que "reiterar o óbvio".

Por fim, ele comentou o vazamento de seus áudios, enfatizando que “a culpa não é dos meios de comunicação social, obviamente obrigados a divulgar esta notícia, é de quem usa estes métodos de dossiê indigno de um país civilizado".

Em meio às divergências com Berlusconi nos últimos dias, Meloni deve ser indicada como nova premiê da Itália após as consultas políticas que serão realizadas pelo presidente Sergio Mattarella a partir desta quinta-feira (20). A expectativa é de que ela assuma o governo ainda em outubro.

Reação -

O governo americano disse que está pronto para trabalhar com o futuro Executivo da Itália, mesmo após as polêmicas declarações do ex-premiê Silvio Berlusconi.

"Respeitamos a escolha democrática do povo italiano. Estamos prontos e ansiosos para trabalhar com o governo italiano formado através do processo constitucional, para promover nossos muitos objetivos compartilhados e nossos interesses mútuos, incluindo o nosso compromisso com a aliança transatlântica", disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA à ANSA.

A declaração é dada após o integrante do governo de Joe Biden ser questionado se as relações entre os países podem ser um problema depois das palavras ditas por Berlusconi. (ANSA)

 

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