A Noruega rejeitou nesta sexta-feira (4) uma cobrança da Itália para acolher migrantes forçados a bordo dos navios Geo Barents, operado pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), e Ocean Viking, da SOS Méditerranée.
Em email enviado à agência Reuters, o embaixador norueguês em Roma, Johan Vibe, disse que Oslo não tem "nenhuma responsabilidade, de acordo com as convenções de direitos humanos e de direito marítimo, pelas pessoas embarcadas" nos navios.
O Geo Barents leva 572 migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo e espera desde o fim de outubro pela designação de um porto seguro para atracar. Já o Ocean Viking tem 234 indivíduos a bordo e aguarda autorização há quase duas semanas.
A Itália é o país mais próximo, porém Roma quer que a Noruega se encarregue dos migrantes pelo fato de os navios terem bandeira norueguesa.
Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam obrigatoriamente levadas ao porto seguro mais próximo, mas o novo governo italiano de extrema direita joga a responsabilidade para os países de bandeira das embarcações usadas pelas ONGs.
Além da Noruega, Roma também cobra a Alemanha, nação de registro do navio Humanity 1, da entidade SOS Humanity e que resgatou 179 náufragos no Mediterrâneo. governo alemão e a França já se ofereceram para acolher parte dos migrantes socorridos ao sul da Europa, porém exigem que os desembarques sejam feitos em portos italianos.
A ONG SOS Méditerranée, que tem sede na cidade francesa de Marselha, possui opinião semelhante. "Há anos defendemos que os Estados da Europa central devem se encarregar para aliviar a pressão das chegadas sobre Itália e Malta, mas, para nós, o importante é que o Ocean Viking atraque no porto seguro mais próximo, e esperamos que isso aconteça o quanto antes", afirma a entidade.
Atualmente, apenas navios de ONGs humanitárias realizam resgates no Mediterrâneo Central, a rota migratória mais mortal do mundo, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Segundo a OIM, quase 1,3 mil pessoas já morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia apenas em 2022, média de mais de quatro fatalidades por dia. (ANSA)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA