Uma parte dos 179 migrantes resgatados no Mediterrâneo Central pelo navio Humanity 1, da ONG alemã SOS Humanity, desembarcou neste domingo (6) no porto de Catânia, no sul da Itália.
Após mais de uma semana de espera, a embarcação humanitária recebeu autorização do governo italiano, chefiado pela premiê de extrema direita Giorgia Meloni, para atracar.
Das 179 pessoas a bordo, 144 puderam sair do navio por motivos sanitários, mas 35 náufragos seguem bloqueados no Humanity 1, todos eles homens adultos e sem problemas médicos aparentes.
"Os primeiros a desembarcar foram menores de idade e crianças pequenas acompanhadas de suas mães", declarou Petra Krischok, porta-voz da SOS Humanity, em coletiva de imprensa no porto de Catânia.
Segundo ela, o navio só deve zarpar depois que todos os migrantes descerem. "Deixar o porto de Catânia sem desembarcar todos os migrantes seria ilegal", acrescentou.
Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam obrigatoriamente levadas ao porto seguro mais próximo, mas o novo governo italiano quer que os países de origem dos navios humanitários que operam no Mediterrâneo Central se responsabilizem pelos migrantes.
A linha dura contra as ONGs é capitaneada pelo ministro da Infraestrutura Matteo Salvini, que é responsável pela gestão dos portos italianos e ainda conseguiu emplacar um aliado fiel, Matteo Piantedosi, como ministro do Interior, pasta encarregada das políticas migratórias.
Além da Humanity 1, outros três navios humanitários aguardam a designação de um porto seguro pela Itália: o Geo Barents, de Médicos Sem Fronteiras, com 572 náufragos a bordo, o Ocean Viking, da SOS Méditerranée, com 234, e o Rise Above, da Mission Lifeline, com 90.
França e Alemanha já se ofereceram para acolher parte dos migrantes, mas outros países da União Europeia, como Polônia e Hungria, aliados de Meloni e Salvini, boicotam sistematicamente as tentativas do bloco de redistribuir os deslocados internacionais, de modo a reduzir o peso do primeiro acolhimento sobre a Itália.
De acordo com o Ministério do Interior, 87,4 mil migrantes forçados já desembarcaram nos portos italianos em 2022, crescimento de 61% em relação ao mesmo período do ano passado. Os principais países de origem são Egito (17,7 mil), Tunísia (16,9 mil), Bangladesh (12,3 mil), Síria (6,4 mil) e Afeganistão (6,1 mil).
No entanto, a maior parte desses deslocados segue viagem rumo ao norte da UE, para nações como a Alemanha, que registra 114 mil pedidos de refúgio em 2022, contra 37 mil da Itália.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 1,3 mil pessoas já morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia do Mediterrâneo Central em 2022, média de mais de quatro fatalidades por dia. (ANSA)
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