(ANSA) - Mais de 100 opositores presos, exilados ou investigados na Nicarágua e dezenas de organizações locais e internacionais de defesa dos direitos humanos pediram na última sexta-feira (14) que a Cúpula entre a União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em 17 e 18 de julho, crie um grupo para "coordenar uma resposta efetiva" para promover "uma transição democrática" no país.
"Pedimos que seja proposta a criação de um 'Grupo de Amigos do Povo da Nicarágua', durante a Cúpula ou à margem, para garantir uma resposta multilateral, coordenada e de alto nível à grave crise de direitos humanos e humanitária que o país ", afirma a carta publicada pela Human Rights Watch.
O texto adverte que "nos últimos anos, poucos países da região registraram uma deterioração da situação dos direitos humanos tão grave quanto a observada na Nicarágua, incluindo ataques sistemáticos à mídia independente, o desmantelamento da sociedade civil e a consolidação de um regime autoritário".
O documento é assinado, entre outros, pelos escritores Sergio Ramírez e Gioconda Belli; jornalistas, incluindo Carlos Fernando Chamorro; e líderes como Félix Maradiaga, Medardo Mairena, Juan Sebastián Chamorro, Dora Tellez e Arturo McFields; além de instituições, como o Centro de Justiça e Direito Internacional (CEJIL), a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), o Serviço Internacional de Direitos Humanos (ISHR) e os Defensores dos Direitos Civis.
A carta pede ainda que a cúpula UE-Celac abordem o fato de que o Grupo de Peritos das Nações Unidas sobre Direitos Humanos na Nicarágua (GEDHN) concluiu que "existem motivos razoáveis para acreditar que as autoridades nicaraguenses cometeram crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, prisão, tortura, violência sexual violência, deportação e perseguição politicamente motivada".
O documento analisa que "64 pessoas permanecem detidas arbitrariamente, 317 críticos foram despojados de sua nacionalidade e propriedade e o status legal de mais de 3.500 organizações não governamentais foi cancelado desde 2018".
Os signatários também alertam sobre "a perseguição à Igreja Católica, aos padres e aos bispos, inclusive o monsenhor Rolando Álvarez, arbitrariamente condenado a 26 anos de prisão".
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