O secretário do partido italiano Ação, Carlo Calenda, afirmou que para garantir a segurança, a Europa precisa ser "uma grande potência, e não um condomínio briguento".
As declarações foram dadas a um fórum da ANSA tendo em vista as eleições para o Parlamento Europeu, que serão realizadas entre os próximos dias 6 e 9 de junho.
Segundo ele, a menção à segurança continental não se refere apenas ao conflito entre Rússia e Ucrânia, mas essa é uma das pautas mais relevantes do pleito. O centrista criticou a hipótese levantada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, de enviar soldados em apoio a Kiev caso seja necessário.
"Macron causou danos à causa ucraniana ao dizer que vamos enviar soldados. Somos o único partido a favor de que os ucranianos possam atacar as bases russas de onde partem os ataques, o que é chamado de defesa ativa", avaliou.
"Os ucranianos devem ser capazes de se defender, usar armas, mas não devem atacar em todos os lugares e os soldados não devem ir para lá", defendeu Calenda. A solução seria um meio-termo entre o que pede o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, com a concordância de vários chefes de Estado; e a crítica feita por países como a Itália, que não permitem que a Ucrânia usem armas doadas para atacar o território russo.
Ao falar sobre o conflito no Oriente Médio, Carlo Calenda disse que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, é "uma vergonha para Israel".
Ele criticou a sigla antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), de Giuseppe Conte, que apresentou uma moção exigindo que a Itália reconheça o Estado da Palestina, como já fizeram países como Espanha, Noruega e Irlanda.
"A moção definiu as fronteiras? Caso contrário, é propaganda, porque para ter um Estado é preciso definir as fronteiras. Sou a favor dos dois Estados. Ninguém resolverá a situação no Oriente Médio com uma moção. Isso será alcançado com um cessar-fogo e com o retorno dos reféns", disse.
Questionado sobre o movimento de prefeitos italianos exibindo a bandeira palestina, o dirigente ponderou: "Sim, claro, se eles também exibirem a bandeira israelense. Somos um país de gestos simbólicos".
A principal crítica feita ao governo da primeira-ministra Giorgia Meloni foi contra o acordo com a Albânia para criar estruturas de acolhimento a migrantes no país balcânico. O objetivo é desafogar os estabelecimentos da Itália, principal porta de entrada de migrantes forçados pela rota do Mediterrâneo Central.
"Qual é o objetivo? É um teatro, a Albânia é um slogan.
Fala-se em gastar 650 milhões se tudo der certo, 850 para 6 mil migrantes por ano. O custo diário de um migrante na Albânia, se tudo correr bem, é cinco vezes maior do que o que pagamos na Itália, se tudo correr mal", criticou.
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