O Vaticano protestou à Nicarágua pela expulsão efetiva de seu núncio apostólico em Manágua, monsenhor Waldemar Stanislaw Sommertag, reforçando que a ação unilateral era injustificada e incompreensível.
Em comunicado, a Santa Sé relata que recebeu "com surpresa e dor" a decisão de que o regime havia retirado o consentimento a seu representante, "forçando-o a deixar o país imediatamente".
"Esta medida parece incompreensível porque, no decorrer da sua missão, dom Waldemar Sommertag trabalhou com profunda dedicação pelo bem da Igreja e do povo nicaraguense, especialmente o mais vulnerável, procurando sempre fomentar boas relações entre a Sé Apostólica e as autoridades", diz o texto.
O Vaticano destacou o papel desempenhado pelo diplomata como testemunha e acompanhante na mesa de Diálogo Nacional entre o governo e a oposição política, com vista à reconciliação do país e à libertação dos presos políticos.
"Embora esteja convencida de que esta medida unilateral grave e injustificada não reflete os sentimentos do povo profundamente cristão da Nicarágua, a Santa Sé deseja reafirmar a sua total confiança no representante papal", conclui a nota.
O religioso polonês supostamente deixou a Nicarágua no último 6 de março. A partida repentina, sem comunicações oficiais, já cogitava uma expulsão. O Vaticano, por sua vez, "reafirmou sua plena confiança no representante pontifício".
Sommertag chegou à Nicarágua em 2018, no momento em que eclodiram protestos contra o governo Ortega e sua esposa, Rosario Murillo. A Igreja local se tornou alvo por ter apoiado a população, tendo bispos ameaçados.
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Manágua, monsenhor Silvio Jose Baez, foi forçado a deixar o país em 2019 e agora vive em Miamo. Nesse contexto, o núncio do Vaticano tento manter um diálogo aberto com o governo.
O objetivo era usar ferramentas diplomáticas para pacificar o país. Ao longo dos anos, porém, a situação foi se tornando cada vez mais difícil, principalmente porque as famílias dos muitos presos, em sua maioria opositores, pediram a Sommertag sua mediação para a libertação.
Desde então, as relações entre Ortega e os bispos católicos são tensas. O partido no poder acusa o clero de ter conspirado com seus opositores para um "golpe", como descreve nas manifestações.
Na época, o núncio do Vaticano em Manágua participou também como testemunha da segunda etapa de um diálogo realizado em 2019, que foi suspenso sem resultados. (ANSA)
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