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'Medo não terá última palavra', diz Papa em vigília com ucranianos

'Medo não terá última palavra', diz Papa em vigília com ucranianos

Vigília Pascal contou com presença de políticos ucranianos

VATICANO, 16 abril 2022, 16:58

Redação ANSA

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Papa Francisco em Vigília Pascal na Basílica de São Pedro - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O papa Francisco participou neste sábado (16) da Vigília Pascal na Basílica de São Pedro, no Vaticano, que contou com políticos ucranianos entre os cerca de 5,5 mil fiéis presentes.

Ao contrário do que estava previsto, o líder católico não presidiu a cerimônia - confiada ao cardeal Giovanni Battista Re -, mas realizou uma homilia na qual aludiu mais uma vez à invasão russa na Ucrânia.

Em seu pronunciamento, o Papa pediu para as pessoas levarem "Jesus Cristo na vida de todos os dias: com gestos de paz nesta era marcada pelos horrores da guerra; com obras de reconciliação nas relações despedaçadas e de compaixão em relação a quem precisa; com ações de justiça em meio às desigualdades e de verdade em meio às mentiras". "E, sobretudo, com obras de amor e fraternidade", acrescentou.

Além disso, pediu que a "dor" não tenha a "última palavra" sobre a esperança. "Com bastante frequência, olhamos para a vida e a realidade com os olhos voltados para baixo. Fixamos apenas o hoje que passa, ficamos desiludidos com o futuro, nos fechamos em nossas necessidades, nos acomodamos no cárcere da apatia, enquanto continuamos a pensar que as coisas jamais mudarão. E assim permanecemos imóveis diante do túmulo da resignação e do fatalismo e sepultamos a alegria de viver", declarou.

"Mas o Senhor, nesta noite, quer nos dar olhos diferentes, iluminados pela esperança de que o medo, a dor e a morte não terão a última palavra sobre nós", disse Francisco.

Ao fim da homilia, Jorge Bergoglio se dirigiu diretamente ao prefeito da cidade de Melitopol, Ivan Fedorov, e a alguns parlamentares ucranianos que estavam na Basílica de São Pedro para a Vigília Pascal. Fedorov chegou a ser sequestrado em 11 de março, quando as forças russas invadiram Melitopol, mas acabaria resgatado cinco dias depois.

"Nessa escuridão em que vocês vivem, senhor prefeito e senhores e senhoras parlamentares, a escuridão da guerra e da crueldade, todos nós rezamos com vocês nesta noite. Nós podemos apenas oferecer nossa companhia e nossas orações e dizer-lhes 'coragem, estamos com vocês'. Podemos também dizer-lhes a coisa mais importante que se celebra hoje: 'Cristo ressuscitou'", afirmou Francisco, pronunciando essa última frase em ucraniano.

Já neste domingo (17), Bergoglio celebra a missa de Páscoa e a sempre aguardada bênção "Urbi et Orbi" ("À cidade e ao mundo"), na qual ele aborda as principais crises da atualidade.

Pronunciada também no Natal, essa mensagem sempre foi uma ocasião para o Papa recordar o conflito que se arrasta desde 2014 no leste da Ucrânia, e desta vez não deve ser diferente.

Na última sexta-feira (15), na missa da Paixão do Senhor, Francisco orou por uma "paz duradoura" no mundo; horas mais tarde, uma ucraniana e uma russa carregaram juntas a cruz em uma das estações da Via Crucis presidida por Bergoglio no Coliseu de Roma.

No entanto, o Vaticano decidiu excluir da celebração de última hora um texto que havia sido preparado em conjunto pelas duas e que falava sobre reconciliação. "Expressamos apreço pelas mudanças na Via Crucis de ontem após pedidos da Ucrânia", afirmou neste sábado o embaixador de Kiev na Santa Sé, Andrii Yurash. (ANSA)

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