A embaixada da Ucrânia na Santa Sé contestou nesta terça-feira (12) a decisão do Vaticano de fazer com que uma família do país e uma da Rússia levassem juntas a cruz durante a procissão da Via Crucis na sexta-feira (15) no Coliseu, em cerimônia presidida pelo papa Francisco.
"A embaixada ucraniana entende e compartilha a preocupação geral na Ucrânia e em muitas outras comunidades sobre a ideia de colocar juntas as mulheres ucranianas e russas para levar a Cruz durante a Via Crucis. Agora, estamos trabalhando no problema buscando explicar as dificuldades da sua realização e as possíveis consequências", disse o embaixador Andrii Yurash.
O anúncio vem um dia depois da publicação da Santa Sé sobre o evento da chamada "sexta-feira santa" para os católicos. A procissão é um dos principais ritos da Semana Santa e voltará a ser realizada no Coliseu, em Roma, após dois anos de suspensão por conta da pandemia de Covid-19.
Dividida em 14 estações encenadas por diferentes pessoas, a participação dos russos e ucranianos estava marcada para a penúltima delas. A ideia da meditação seria passar uma mensagem de união e paz em meio à guerra dos dois países, já que essa passagem aborda a morte de Jesus na cruz e sobre como tudo pode mudar "em poucos segundos".
Como o ano de 2022 foi dedicado às famílias, cada uma as 14 partes do trajeto será composta por núcleos familiares de diversos tipos - migrantes, famílias com muitos filhos, com filho portador de deficiência, com progenitor doente, que perdeu uma filha, entre outros.
A Rússia iniciou os ataques na Ucrânia em 24 de fevereiro, em conflito que segue sem uma solução diplomática. Desde então, mais de 4,4 milhões de ucranianos fugiram para outros países, outros 6,5 milhões abandonaram suas casas e milhares de mortes já foram contabilizadas entre civis e entre militares dos dois países.
O conflito ucraniano vem sendo tema de inúmeros discursos do papa Francisco mesmo antes das bombas serem lançadas. Ao menos, desde novembro do ano passado, quando as tensões políticas começaram a aumentar, o líder católico faz orações para os povos. A partir do início dos ataques, o assunto entrou, praticamente, em todas as falas e rezas do chefe da Igreja Católica.
Além das orações, Francisco estaria estudando a possibilidade de ir para Kiev para demonstrar solidariedade. Nesta terça, o esmoleiro do Papa, cardeal Konrad Krajewski, deve chegar à cidade para celebrar alguns eventos de Páscoa e para doar uma segunda ambulância em nome do líder católico.
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