O papa Francisco fez neste domingo (2) um apelo ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, para encerrar a "espiral de violência e morte" na guerra na Ucrânia, alertando para o risco de uma "escalada" nuclear com consequências globais.
"O meu apelo dirige-se, em primeiro lugar, ao presidente da Federação Russa [Vladimir Putin], pedindo-lhe que trave, também por amor ao seu povo, esta espiral de violência e de morte", pediu o Pontífice, durante a oração do Angelus da janela do apartamento pontifício.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça São Pedro, o líder da Igreja Católica fez uma declaração inédita, dedicando a sua mensagem diretamente a Kiev e Moscou. Normalmente, ele reflete a guerra na liturgia.
"O curso da guerra na Ucrânia tornou-se de tal forma grave, devastador e ameaçador que suscita grandes preocupações", justificou.
Para Francisco, é "um absurdo" que a humanidade se confronte, de novo, com a "ameaça atômica". "Que mais é preciso acontecer, quanto sangue tem de correr, ainda, para que percebamos que a guerra nunca é uma solução, mas apenas uma destruição?", questionou.
"Em nome de Deus, em nome do sentido de humanidade que habita em cada coração, renovo o meu apelo para que se chegue, de imediato, a um cessar-fogo, que se calem as armas e se procuram condições para vias de negociação, capazes de levar a soluções, não impostas pela força, mas acordadas, justas, estáveis", acrescentou.
De acordo com o argentino, é preciso medidas que respeitem o "valor da vida, bem como a soberania e integridade territorial de cada país, bem como os direitos das minorias e as preocupações legítimas".
Francisco pediu ainda ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para que "esteja aberto" a propostas sérias de paz.
"Por outro lado, entristecido pelo enorme sofrimento da população ucraniana após a agressão sofrida, dirijo um apelo igualmente esperançoso ao presidente da Ucrânia para que esteja aberto a sérias propostas de paz", completou.
Jorge Bergoglio dirigiu-se aos responsáveis da comunidade internacional e líderes políticos, convidando-os a recorrer a "todos os instrumentos diplomáticos", mesmo aos que ainda não foram usados, para terminar esta "enorme tragédia".
"Façam tudo o que estiver ao alcance das suas possibilidades para pôr fim à guerra que decorre, sem se deixarem envolver em escaladas perigosas, promovendo e apoiando iniciativas de diálogo", declarou.
"Por favor, façamos respirar às novas gerações o ar santo da paz, não o ar poluído da guerra, que é uma loucura", disse ele, classificando a guerra como "um erro e um horror".
Por fim, o Santo Padre lamentou "profundamente a grave situação que surgiu nos últimos dias, com novas ações contrárias aos princípios do direito internacional". "De fato, aumenta o risco de uma escalada nuclear, a ponto de causar medo de consequências incontroláveis e catastróficas no nível mundial", concluiu ele, numa referência indireta aos recentes referendos em regiões ucranianas anexadas pela Rússia.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA