Uma investigação de quase quatro anos na Arquidiocese de Baltimore, no estado de Maryland, revelou mais de 600 casos de abuso sexual de jovens ao longo dos últimos 80 anos.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira (17) pelo jornal norte-americano "Washington Post", citando um processo judicial do procurador-geral de Maryland, Brian Frosh.
O inquérito, o segundo do país depois do realizado na Pensilvânia, tem como objetivo "trazer responsabilidade e detalhes para casos há muito tempo acobertados ou envoltos por estatutos de limitação", diz a publicação.
O relatório de Frosh identificou 115 padres que já haviam sido processados pela igreja de Baltimore por abuso sexual, além de outros 43 padres "não identificados publicamente".
A investigação também revelou que a arquidiocese "não deu seguimento a muitas denúncias de abuso sexual, não conduziu investigações adequadas sobre a violência, não removeu os agressores ou restringiu sua proximidade com as crianças".
"Em vez disso, fez de tudo para manter os abusos em segredo", enfatiza o documento, acrescentando que provavelmente há "mais centenas de casos" e que os líderes da igreja falharam em relatar muitas alegações.
Recentemente, no entanto, um porta-voz da arquidiocese disse que a Igreja "cooperou totalmente" desde que Frosh iniciou a investigação, em janeiro de 2019, incluindo com o fornecimento de mais de 100 mil documentos.
A revelação ocorre no ano do 20º aniversário da explosão pública do escândalo de abuso sexual na Igreja Católica na arquidiocese de Boston, nos Estados Unidos, resultado da apuração feita pelo jornal "Boston Globe". O caso foi retratado no filme "Spotlight - Segredos Revelados", vencedor de dois Oscars em 2016, de melhor filme e melhor roteiro original.
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