(ANSA) - A Via Crucis presidida pelo papa Francisco, em procissão no Coliseu de Roma, terá como tema principal as guerras no mundo e o apelo pela paz, informam fontes ligadas ao Vaticano nesta sexta-feira (7).
Para carregar a cruz entre as estações, foram selecionados refugiados que fogem de diversos conflitos atuais, da Ucrânia a Nigéria, do Iraque ao Sudão do Sul, da Síria à República Democrática do Congo (RDC). A escolha por eles reforça um dos assuntos mais debatidos pelo Papa em suas mensagens e celebrações, a chamada "terceira guerra mundial em partes".
As meditações oficiais para cada uma das estações serão divulgadas pouco antes do início da procissão, que começa a partir das 21h15 (16h15 no horário de Brasília). Mas, as mesmas fontes informam que também poderão ser feitas menções às atuais tensões político-sociais no Oriente Médio e na área dos Balcãs.
Para ajudar na organização da Via Crucis, ainda teriam sido envolvidas as organizações que ajudam os migrantes que vivem na Itália.
No caso da Ucrânia, teria contribuído a Igreja Greco-Católica de Santa Sofia, em Roma, que atua na ajuda humanitária dos ucranianos refugiados no país desde o início da guerra, em fevereiro do ano passado, além da forte atuação da Esmolaria do Papa, liderada pelo cardeal Konrad Krajewski.
Russo e ucraniano
Um ucraniano e um russo devem carregar juntos a cruz em uma das estações da procissão desta sexta, informam fontes ligadas ao Vaticano. Eles devem fazer o ato na 10ª Estação (“Jesus é despido de suas vestes”).
“Vozes de paz dos jovens da Ucrânia e da Rússia” é o título da meditação e os dois devem relatar brevemente suas experiências na guerra. “Jesus, por favor, faça que exista paz no mundo e que todos possamos ser irmãos”, diz um trecho do texto visto pela ANSA.
No ano passado, também duas amigas – russa e ucraniana – carregaram a cruz, mas as suas meditações não foram lidas por conta de um incidente diplomático com Kiev.
Já a primeira estação, ainda conforme as fontes, será dedicada à Terra Santa.
O embaixador ucraniano no Vaticano, Andrii Yurash, criticou a decisão do Vaticano de incluir o jovem russo na procissão.
"Eles esquecem que dizer que o pai e avô [do jovem] foram para a Ucrânia para matar não só o pai do rapaz ucraniano, mas toda a sua família - e não vice-versa", disse aos jornalistas.
O jovem escolhido, segundo texto divulgado por fontes, vai dizer que se "sente culpado" por ser russo e que perdeu o irmão mais velho na guerra. Já sobre o pai e o avô, ele não teve mais notícias.
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