(ANSA) - Internado há uma semana para se recuperar de uma cirurgia abdominal, o papa Francisco afirmou nesta quarta-feira (14) que o mundo atravessa um "momento crucial" devido aos conflitos e a estabilidade está em risco.
"Estamos vivendo um momento crucial para a humanidade, no qual a paz parece sucumbir à guerra. Os conflitos aumentam e a estabilidade está cada vez mais em risco. Vivemos uma terceira guerra mundial em pedaços que, quanto mais o tempo passa, mais ela parece se expandir", disse o Pontífice em uma mensagem ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O líder da Igreja Católica alertou que o "Conselho, que tem o mandato de supervisionar a segurança e a paz no mundo, às vezes parece impotente e paralisado aos olhos do povo" e defendeu o fim de uma "lógica de legitimação da guerra".
"Para construir a paz é preciso sair da lógica da legitimidade da guerra: se ela pôde valer no passado, em que os conflitos armados tinham um alcance mais limitado, hoje, com armas nucleares e destruição em massa, o campo de batalha tornou-se praticamente ilimitado e os efeitos potencialmente catastróficos", acrescentou ele.
Para Jorge Bergoglio, "chegou a hora de dizer seriamente 'não' à guerra, de afirmar que as guerras não são justas, mas que só a paz é justa: uma paz estável e duradoura, construída não sobre o equilíbrio precário da dissuasão, mas sobre a fraternidade que nos une".
O argentino alertou para um "retrocesso" na história em decorrência ao aumento de conflitos militares em todo o mundo.
"Estamos perante um retrocesso na história, com a ascensão de nacionalismos míopes, extremistas, ressentidos e agressivos que têm gerado conflitos não apenas anacrônicos e ultrapassados, mas ainda mais violentos", acrescenta o texto, lido em Nova York pelo secretário do Vaticano para as relações com os Estados, Paul R. Gallagher.
A reunião do Conselho da ONU abordou "os valores da fraternidade humana na promoção e manutenção da paz".
"Temos uma fome de fraternidade, que nasce de tantas situações de injustiça, pobreza e desigualdade e também da falta de uma cultura de solidariedade", adverte Francisco, mostrando-se crítico do comércio de armas e acusando quem o promove para lucrar com "sangue inocente".
Por fim, o Santo Padre reforçou que "é preciso mais coragem para procurar a paz do que para fazer a guerra" e concluiu com a esperança de que a humanidade consiga "escrever um novo capítulo de paz na história, para que a guerra pertença ao passado, não ao futuro".
Bergoglio, que se recupera de uma cirurgia abdominal em um hospital de Roma, deve receber alta nos próximos dias, segundo o Vaticano.
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