(ANSA) - Em um discurso nesta sexta-feira (19) para uma delegação da Federação Internacional das Universidades Católicas (Fiuc), o papa Francisco pediu que as instituições não permitam que sejam replicados os muros típicos da sociedade: “os da desigualdade, da desumanização, da intolerância e da indiferença, de modelos que miram reforçar o individualismo e não investem na fraternidade”.
“Não podemos confiar a gestão das nossas universidades ao medo, e infelizmente isso é mais frequente do que se acredita”, disse o pontífice, por ocasião do centenário da instituição.
Francisco citou uma fábula de Franz Kafka para estigmatizar “a tentação de se fechar por trás dos muros, em uma bolha social segura, evitando os riscos ou desafios culturais, dando as costas à complexidade da realidade. Pode parecer o caminho mais confiável, mas é mera ilusão”.
“O medo devora a alma. Uma universidade que se protege dentro dos muros do medo pode atingir um nível de prestígio, reconhecido e apreciado, ocupando os primeiros lugares nas classificações de produção acadêmica. Mas como dizia o pensador Miguel de Unamuno, ‘saber por saber é desumano’”.
“Devemos sempre nos perguntar: para que serve a nossa ciência? Que potencial transformador tem o conhecimento que produzimos? Estamos a serviço de quê e de quem? A neutralidade é uma ilusão: uma universidade católica deve fazer escolhas que reflitam o Evangelho. Tomar posições e demonstrá-las por suas ações”, afirmou.
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