A melhor pizza napolitana do mundo é brasileira e fica em São Paulo, metrópole símbolo da imigração italiana.
Com duas unidades na capital paulista, a Leggera Pizza Napoletana faturou nesta semana um prêmio concedido anualmente pela Associazione Verace Pizza Napoletana (AVPN), entidade fundada em 1984 para defender e promover uma arte tombada como patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco.
A casa paulistana sagrou-se vencedora na quinta edição do troféu Best Pizzeria AVPN, que laureou pela primeira vez um estabelecimento fora de Nápoles. "É uma honra muito grande", disse à ANSA André Nevoso Guidon, sócio e chef executivo da Leggera. "É legal saber que você é muito respeitado pelos outros colegas pizzaiolos mesmo estando fora da Itália", acrescentou.
A votação é feita entre mais de mil pizzaiolos associados à AVPN, que aceita como membros apenas as pizzarias que seguem fielmente a tradição napolitana, o que inclui forno a lenha, massa leve, sem gordura ou açúcar e aberta a mão, diâmetro inferior a 35 centímetros, ingredientes de qualidade e borda estufada.
A Leggera foi inaugurada em outubro de 2013, no bairro de Perdizes, e foi certificada pela AVPN em janeiro de 2014. "Eu já tinha morado em Nápoles, feito curso, estagiado e trabalhado lá, tudo para levar um produto mais autêntico possível para o brasileiro", contou Guidon, que abriu a pizzaria com o cunhado Fabio Muccio e um tio de sua esposa, Bruno Caccavale, que é de Nápoles.
"Não tem nenhum outro tipo de produto lá dentro que não seja a pizza napolitana", garante o chef executivo. Com 44 anos, Guidon trabalhava com engenharia de áudio em um negócio da família, mas sempre teve um forte vínculo com a gastronomia devido à sua mãe, filha de um italiano nascida nos Estados Unidos.
Boa parte da infância do chef se passou dentro do laticínio da família materna, que produzia especialidades italianas como ricota e fior di latte. "Sempre tive aquilo muito vivo dentro de mim, então foi um salto natural. Comecei a correr atrás, a família da minha esposa é toda napolitana, e decidi fazer essa viagem para conhecer a pizza original. Foi amor à primeira mordida", disse.
Guidon viveu cerca de um ano em Nápoles e absorveu não apenas as técnicas para fazer a pizza napolitana da maneira correta, mas também a "cultura das pizzarias" na cidade, cuja "arte dos pizzaiolos" foi reconhecida como patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco em 2017.
Além de Perdizes, a Leggera conta hoje com uma unidade no bairro dos Jardins e foi pioneira no movimento de popularização da pizza napolitana em São Paulo, onde ainda é mais comum pedir esse prato para dividir com a família ou os amigos, geralmente à noite, e com massas mais grossas e coberturas nem sempre leves.
Mas essa diferença de tradições não foi obstáculo para Guidon. "Acho que a curiosidade passou por cima do padrão de consumo, a novidade era tão grande que as pessoas embarcaram", afirmou o chef, brincando que visitar a Leggera é "mais barato que ir a Nápoles". (ANSA)
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