Um rascunho de edital de concurso público para diretor escolar causou indignação na Itália nesta quinta-feira (19). O texto prevê que, em caso de empate entre candidatos, o critério de desempate seja o gênero - "em favor do gênero masculino".
A União Italiana do Trabalho (UIL) na Escola, sindicato que representa trabalhadores da educação pública, explicou que "se trata ainda de um rascunho e não de um decreto oficial": "Mas reivindicaremos nos próximos encontros uma revisão".
"Um míope 'copia e cola' relacionou duas disposições normativas diferentes. Uma que disciplina a representatividade de gênero, e outra que regulamenta o próximo concurso para diretor escolar. O resultado dessa sobreposição burocrática nos faz dar um passo atrás que parece pertencer a uma época já superada", diz o sindicato.
O argumento para a diferenciação seria aumentar o número de homens em uma posição ocupada predominantemente por mulheres.
Para a direção do sindicato, a medida "introduz mecanismos de falsa simetria, sem levar em conta experiência, capacidade e atitudes".
"Pensar em criar uma perseguição ao contrário, indicando o gênero masculino como preferencial, introduz na escola uma diferenciação de gênero desnecessária. Independentemente da paridade de gênero, o profissionalismo não pode ser medido com base no sexo", considerou o sindicato.
A prática foi informalmente batizada de "cota azul", termo que o Ministério da Educação e do Mérito (MIM) rejeita: "É errado dizer que o Ministério introduziu a 'cota azul', não há reserva de vagas a candidatos homens, só uma preferência que não muda a ordem de classificação dos vencedores do concurso".
O Ministério alega ter criado a regra para introduzir "equilíbrio de gênero" em favor dos "menos representados", e alega que a aplicação só vale para cargos e setores em que a disparidade ultrapassa 30%.
Em nota, a pasta também reclamou dos sindicatos: "Parece incorreto no plano das relações sindicais que um tema tão complexo, para o qual as organizações foram convocadas para um informe na próxima semana, que alguma organização ache que deve polemizar com a administração antes de ter recebido esclarecimentos".
Ouvido pela ANSA, o presidente nacional do Sindicato de Diretores Escolares, Attilio Fratta, disse que "a intenção é boa, mas a estratégia está errada". Para ele, o critério não vai ajudar na paridade de gênero da área.
"Para participar do concurso é preciso ser professor, mais de 90% dos professores são mulheres. Quase todos os candidatos serão mulheres. Se realmente queremos equilibrar, é preciso restabelecer os concursos por gênero", disse.
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