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Itália quer favorecer homem caso haja empate em concurso público

Itália quer favorecer homem caso haja empate em concurso público

'Cota azul' consta em rascunho de seleção para diretor escolar

ROMA, 19 de outubro de 2023, 15:22

Redação ANSA

ANSACheck

Primeiro dia de aula de alunos na Liguria - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Um rascunho de edital de concurso público para diretor escolar causou indignação na Itália nesta quinta-feira (19). O texto prevê que, em caso de empate entre candidatos, o critério de desempate seja o gênero - "em favor do gênero masculino".

A União Italiana do Trabalho (UIL) na Escola, sindicato que representa trabalhadores da educação pública, explicou que "se trata ainda de um rascunho e não de um decreto oficial": "Mas reivindicaremos nos próximos encontros uma revisão".

"Um míope 'copia e cola' relacionou duas disposições normativas diferentes. Uma que disciplina a representatividade de gênero, e outra que regulamenta o próximo concurso para diretor escolar. O resultado dessa sobreposição burocrática nos faz dar um passo atrás que parece pertencer a uma época já superada", diz o sindicato.

O argumento para a diferenciação seria aumentar o número de homens em uma posição ocupada predominantemente por mulheres.

Para a direção do sindicato, a medida "introduz mecanismos de falsa simetria, sem levar em conta experiência, capacidade e atitudes".

"Pensar em criar uma perseguição ao contrário, indicando o gênero masculino como preferencial, introduz na escola uma diferenciação de gênero desnecessária. Independentemente da paridade de gênero, o profissionalismo não pode ser medido com base no sexo", considerou o sindicato.

A prática foi informalmente batizada de "cota azul", termo que o Ministério da Educação e do Mérito (MIM) rejeita: "É errado dizer que o Ministério introduziu a 'cota azul', não há reserva de vagas a candidatos homens, só uma preferência que não muda a ordem de classificação dos vencedores do concurso".

O Ministério alega ter criado a regra para introduzir "equilíbrio de gênero" em favor dos "menos representados", e alega que a aplicação só vale para cargos e setores em que a disparidade ultrapassa 30%.

Em nota, a pasta também reclamou dos sindicatos: "Parece incorreto no plano das relações sindicais que um tema tão complexo, para o qual as organizações foram convocadas para um informe na próxima semana, que alguma organização ache que deve polemizar com a administração antes de ter recebido esclarecimentos".

Ouvido pela ANSA, o presidente nacional do Sindicato de Diretores Escolares, Attilio Fratta, disse que "a intenção é boa, mas a estratégia está errada". Para ele, o critério não vai ajudar na paridade de gênero da área.

"Para participar do concurso é preciso ser professor, mais de 90% dos professores são mulheres. Quase todos os candidatos serão mulheres. Se realmente queremos equilibrar, é preciso restabelecer os concursos por gênero", disse.
   

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