Começou neste domingo (6), em Sharm el-Sheikh, no Egito, a 27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP27, em meio a um ambiente de urgência pelos efeitos do aquecimento global, mas sem perspectiva de grandes avanços.
O evento, que deve contar com a presença do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e marcar a estreia em fóruns multilaterais dos primeiros-ministros da Itália, Giorgia Meloni, e do Reino Unido, Rishi Sunak, já inicia tendo de resolver impasses deixados pelas conferências anteriores, como as indenizações dos países ricos para compensar as nações em desenvolvimento pelas perdas e danos provocados pela crise climática.
"A COP27 começa em um momento muito delicado, no qual nosso mundo está exposto a riscos existenciais e desafios sem precedentes que têm impacto na sobrevivência do nosso planeta", disse o presidente do Egito, o autocrata Abdel Fattah al-Sisi, em seu perfil no Facebook.
"Esses perigos exigem uma ação imediata de todos os países para elaborar um caminho para proteger o mundo dos efeitos das mudanças climáticas. O Egito espera ver a conferência passar da fase das promessas para a da implantação, com medidas concretas", acrescentou.
O primeiro dia da cúpula climática já foi marcado pela divulgação de dados alarmantes para pressionar os líderes a agir. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a crise ambiental vai provocar 250 mil mortes a mais por ano entre 2030 e 2050 devido à disseminação da desnutrição e de doenças como malária e diarreia, além das ondas de calor.
Já a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados e que a temperatura média em 2022 está 1,15ºC acima dos níveis pré-industriais - a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris é limitar esse aquecimento a 1,5ºC até o fim do século.
De acordo com a entidade, as estiagens deste ano jogaram 19 milhões de pessoas da África Oriental na fome, enquanto inundações mataram 1,7 mil indivíduos no Paquistão. Além disso, 2022 já bateu recorde de derretimento nas geleiras alpinas, e o índice de aumento do nível dos oceanos praticamente dobrou desde 1993.
"Devemos responder aos sinais de sofrimento do planeta com uma ação climática ambiciosa. A COP27 é o lugar, e a hora é agora", disse em uma mensagem em vídeo o secretário-geral da ONU, António Guterres, que falou em "caos climático na Terra".
Estreias
O Brasil, dono da maior parte da principal floresta tropical do planeta, a Amazônia, deve ser um dos focos de atenção na COP27.
Recém-eleito presidente, Lula participará da cúpula climática na semana que vem, antes mesmo de tomar posse, para tentar reconstruir as pontes queimadas durante o governo de Jair Bolsonaro, criticado dentro e fora do país por fazer vista grossa para a disparada do desmatamento.
A expectativa é de que o petista use a COP27 para anunciar seu ministro do Meio Ambiente, posição que tem a ambientalista e deputada eleita Marina Silva como forte candidata. Lula também já discutiu com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, uma proposta de realizar uma conferência de países sul-americanos para salvar a Amazônia.
Outra estreia será a da premiê de extrema direita da Itália, Giorgia Meloni, que chega criticada por ambientalistas por defender o aumento das perfurações de poços de gás e petróleo no Mediterrâneo.
A premiê deve discursar na COP27 nesta segunda-feira (7) e participar de encontros bilaterais. (ANSA)
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