(ANSA) - O comissário europeu para o Ambiente, Frans Timmermans, afirmou neste sábado (25) que o bloco e o governo da Alemanha conseguiram chegar a um acordo sobre o uso de combustíveis sintéticos, chamados de e-fuel, para atingir as metas climáticas do bloco após semanas de impasse.
"Trabalharemos agora para adotar, o quanto antes, os padrões de CO2 para a regulamentação dos automóveis", informou ainda.
O ministro do Ambiente da Itália, Gilberto Pichetto Fratin, criticou a decisão da UE porque os biocombustíveis foram excluídos do acordo.
"Da política à diplomacia, sem nenhum prova de força inútil. A Itália está empenhada em fornecer todos os elementos úteis para que a União Europeia compreenda, de modo cientificamente e racionalmente inquestionável, a importância da inserção dos biocombustíveis entre os combustíveis verdes", acrescentou.
O deputado governista do Força Itália e responsável pelo tema de energia na sigla, Luca Squeri, chamou de ação "intolerável".
"O acordo entre Alemanha e UE sobre o uso de combustíveis sintéticos, com a exclusão dos biocombustíveis, é simplesmente intolerável. É um acordo destinado a danificar não só a Itália, mas toda a Europa. O governo continuará a batalha, sagrada, pela neutralidade tecnológica porque corremos o risco de pagar um preço altíssimo no ambientalismo maluco da esquerda europeia", pontuou.
O pacto faz parte das intensas discussões dentro do bloco sobre a proibição dos motores a combustão em veículos a partir de 2035. Enquanto alemães tentavam incluir os e-fuels, os italianos criticam a medida pela UE querer definir quais são os combustíveis e/ou tecnologias que os países do bloco devem usar.
E-fuels
O acordo anunciado diz que, após 2035, os motores térmicos só poderão ser vendidos se usarem, única e exclusivamente, os combustíveis sintéticos, ou seja, um tipo de alimentação que tenha impacto zero no lugar dos poluentes tradicionais (gasolina e diesel).
Os e-fuels estão sendo pensados para alimentar em um futuro muito próximo - fala-se em 2026 - também os carros de Fórmula 1 na busca por sua neutralidade climática.
O nome completo da tecnologia, electrofuel, deriva do fato que eles são produzidos por meio de um processo de eletrólise da água - que deve ser feito usando exclusivamente energia proveniente de fontes renováveis - com o objetivo de obter hidrogênio. Esse último, depois é misturado com o CO2 capturado do ar.
Isso permite que seja criado um combustível líquido adaptado para ser queimado dentro dos motores de combustão interna e que pode ser distribuído para os clientes por meio de uma infraestrutura já existente.
Todavia, o consumo dos e-fuel produz CO2 que, do ponto de vista da neutralidade climática, é compensado pelo que deve ser capturado e usado para a sua produção. Além disso, alguns estudos indicam que os e-fuel permitem eliminar a emissão de material particulado, poluente que envenena o ar de muitos centros urbanos.
No entanto, a produção dos combustíveis sintéticos ainda é muito cara e limitada, mas também impacta fortemente o uso de água. Para obter um litro desse tipo de produto, é preciso cerca de dois litros de água, com o custo final atual em cerca de 10 euros/l.
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