Diversos produtos de origem amazônica certificados com o Selo Amapá estão com presença confirmada em uma série de eventos institucionais na Itália em 2024, resultado de uma missão do estado ao "Belpaese" entre 3 e 11 de novembro.
Os produtos de mais de 100 empreendimentos amapaenses estarão, por exemplo, na Noite do Chocolate Brasileiro, em Roma, enquanto artistas indígenas levarão suas obras ao Pavilhão Brasileiro na Bienal de Veneza, e móveis rústicos de madeira certificada serão expostos na Triennale Milano, referência mundial em design.
Além disso, o Amapá firmou um acordo de cooperação com a região de Marcas, no centro da Itália, e o Centro Tecnológico para o Setor de Madeira e Móveis (Cosmob) do país europeu.
"Queremos impulsionar o estado e seus produtos no cenário internacional, valorizando a biodiversidade, a sustentabilidade, a cultura e a história do Amapá. A ideia é agregar valor à cadeia produtiva e, a partir da experiência da Itália, aperfeiçoar e ampliar os setores de interesse", disse o vice-governador Antônio Teles Júnior (PDT), em entrevista à ANSA.
Segundo ele, que liderou a comitiva, a iniciativa é fundamental para dar um salto de qualidade na economia do estado e da região. "É bonito ver as pequenas produções no interior da Amazônia, mas esse pequeno empreendedor, se não alcançar maior produtividade, não vai ter renda. É preciso conquistar boas práticas, aumentar a segurança sanitária, ter excelência em certificação e conquistar novos mercados", afirmou.
A prioridade da viagem foi o setor de móveis, considerado estratégico para o Amapá. "Somos produtores de madeira certificada, rastreada, com manejo florestal sustentável. E a região de Marcas é especialista nisso, o conjunto de indústrias do setor tem um perfil semelhante ao nosso, com micro e pequenas empresas e produtores familiares. Buscamos acesso às regulamentações exigidas pela União Europeia e cooperação com essa expertise no setor moveleiro", explicou Teles Júnior.
Em 2024, a relação deve se aprofundar com uma visita técnica de empresários de Marcas ao Brasil. Já os resultados do acordo, válido por cinco anos, devem ser apresentados na COP30, em Belém, em novembro de 2025.
Até lá, o estado também planeja um road show de itens com o Selo Amapá e vai buscar players italianos que possam representar os produtos da Amazônia.
"Esse certificado é o maior programa de bioeconomia da Amazônia. Existe uma mentalidade de que a região é intocável, mas o que incentivamos não é desmatamento, é aproveitamento de maneira que a floresta possa se recondicionar através da exploração racional", ressaltou o vice-governador, destacando os gêneros alimentícios semi-industrializados da agricultura familiar, como açaí e derivados, farinha de mandioca, tapioca, cupuaçu e até chocolates nativos premiados.
"A demanda por produtos amazônicos é muito grande no exterior", garantiu. A viagem oficial à Itália ainda aproveitou para explorar outros dois setores de interesse: moda e laticínios. "Fomos a Milão, onde queremos abrir uma porta para o Amapá. Vamos buscar desenvolver a moda amazônica, com seu vestuário característico, produtos quilombolas e ribeirinhos", explicou Teles Júnior.
Já no setor de laticínios, a demanda vem do grande rebanho de búfalos do estado, que, segundo o vice-governador, ainda não tem "viabilidade técnica para aumentar e melhorar a produção".
A missão na Itália também contou com representantes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), além do deputado federal Dorinaldo Malafaia (PDT-AP).
Na ocasião da assinatura do acordo, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Marcas, Andrea Maria Antonini, disse à ANSA que a iniciativa permitiria "criar condições para a abertura de novos mercados, trocando experiências com o tecido produtivo".
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