(ANSA) - Realizada entre 20 de abril e 24 de novembro, a 60ª edição da Bienal de Arte de Veneza, batizada de “Stranieri Ovunque” ("Estrangeiros por toda parte"), divulgou sua programação completa nesta quarta-feira (31), com curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa.
Com foco nos estrangeiros, a mostra será pré-inaugurada nos dias 17, 18 e 19 de abril, e a cerimônia de premiação e a abertura oficial ocorrerão no dia 20.
O presidente da Bienal, Roberto Cicutto, destacou o fato de o brasileiro Adriano Pedrosa ser o primeiro curador sul-americano do evento: “A quem selecionei para que pudesse trazer seu ponto de vista pessoal na arte contemporânea, reinterpretando diferentes culturas”. Ele também se define como o primeiro curador declaradamente queer.
O título “Stranieri Ovunque” foi extraído de uma série de trabalhos iniciada em 2004 pelo coletivo artístico Claire Fontaine, que consiste em esculturas de diferentes cores neon que mostram, em diferentes línguas, as palavras “Foreigners Everywhere”.
A frase, por sua vez, vem do nome de um coletivo de Turim que combateu o racismo e a xenofobia na Itália no início dos anos 2000.
“A expressão tem vários significados. Primeiro de tudo, que em qualquer lugar que você vá, e onde quer que você esteja, sempre encontrará estrangeiros. Eles/nós estão/estamos por toda parte. Em segundo lugar, que não importa onde você se encontre, você sempre é verdadeiramente, e lá no fundo, um estrangeiro”, explicou Adriano Pedrosa, atual diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
A Exposição Internacional do Curador, que ocorre no Pavilhão Central (Giardini) e no complexo do Arsenale, será apresentada em duas seções: o Núcleo Contemporâneo e o Núcleo Histórico.
Para definir o Núcleo Contemporâneo, a Bienal lembra que “o italiano straniero, o português estrangeiro, o francês étranger e o espanhol extranjero estão todos etimologicamente conectados ao strano, ao estranho, ao étrange e ao extraño, respectivamente, que é precisamente o estranho”.
“De acordo com o American Heritage e o Oxford Dictionaries, o primeiro significado da palavra "queer" é precisamente "estranho", e assim a exposição se desdobra e foca na produção de outros temas relacionados”, diz o comunicado.
O artista queer, que se movimenta em diferentes sexualidades e gêneros; o artista outsider, que se encontra nas margens do mundo da arte; assim como o artista autodidata, o artista folclórico e o artista popular; além do artista indígena, frequentemente tratado como estrangeiro em sua própria terra, estarão representado no Núcleo Contemporâneo.
Nesse âmbito, o Brasil marcará presença novamente no evento, com a presença do coletivo Mahku (Movimento de Artistas Huni Kuin), que pintará um mural monumental na fachada do Pavilhão Central. Fundado em 2013, o coletivo baseado na Terra Indígena Kaxinawá do rio Jordão, no Acre, é um expoente da arte contemporânea nacional.
Com o tema “A diáspora artística italiana no mundo no século XX”, haverá 40 artistas italianos com obras expostas em suportes de vidro e cimento de Lina Bo Bardi (italiana radicada no Brasil e vencedora do Leão de Ouro Especial pela Memória da Arquitetura em 2021).
A Exibição também incluirá 90 países com seus pavilhões históricos. O Pavilhão Italiano na Tese delle Vergini no Arsenale, patrocinado pelo Ministério da Cultura, é curado por Luca Cerizza.
O Pavilhão da Santa Sé, promovido pelo Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação da Santa Sé, Cardeal José Tolentino de Mendonça, ocorrerá este ano na prisão feminina em Veneza, na ilha da Giudecca.
Os Leões de Ouro pela carreira serão entregues em 20 de abril para Anna Maria Maiolino (italiana, residente no Brasil) e Nil Yalter (turca naturalizada francesa).
A programação oficial está disponível no site oficial da Bienal: www.labiennale.org
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