A China alertou nesta quarta-feira (19) que poderá punir os atletas estrangeiros que violarem o "espírito olímpico" ou as leis do país durante as Olimpíadas de Inverno de Pequim.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) já informou anteriormente que os competidores são autorizados a expressar suas opiniões sobre qualquer tema durante as coletivas de imprensa ou entrevistas dentro da bolha olímpica, mas pede para que isso não aconteça ao longo das competições esportivas ou das cerimônias de entrega de medalhas.
Em relação ao tema, o chinês Yang Shu, vice-diretor do departamento de Relações Internacionais do megaevento esportivo, confirmou que os atletas podem receber sanções por discursos ou posicionamentos que violem as regras do país.
"Qualquer posição alinhada com o espírito olímpico, tenho certeza, será protegida. No entanto, qualquer comportamento ou discurso contrário, principalmente contra as leis e regulamentos da China, estará sujeito a certas punições", alertou o dirigente em um briefing virtual.
Yang relembrou que o COI também possui suas próprias ações disciplinares para violações da regra número 50 da Carta Olímpica, que proíbe qualquer tipo de "manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial" em qualquer espaço durante os Jogos.
Em um seminário organizado pela ONG Human Rights Watch, os palestrantes pediram para que os atletas não falem sobre questões de direitos humanos enquanto estiverem em solo chinês.
"Acreditamos que não será concedida muita proteção aos atletas, mas o silêncio é cumplicidade e é por isso que temos preocupações. Então, estamos aconselhando os atletas a não falarem. Queremos que eles compitam e usem sua voz quando chegarem em casa", disse Rob Koehler, diretor geral do grupo Global Athlete.
Vários grupos de direitos humanos criticam o COI por conceder as Olimpíadas à China, principalmente pelo tratamento dado para a minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang. O país asiático, por sua vez, nega todas as acusações de abusos de direitos humanos.
Diversas nações, como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Japão e Austrália, já confirmaram boicotes diplomáticos aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim em função das preocupações com os direitos humanos no país.
As Olimpíadas de Inverno ocorrem entre os dias 4 e 20 de fevereiro.
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