Um tribunal de Florença condenou novamente a americana Amanda Knox, símbolo de um dos casos judiciais mais midiáticos da Itália nas últimas décadas, durante um julgamento por calúnia nesta quarta-feira (5).
Segundo a decisão judicial, Knox acusou injustamente de assassinato um homem inocente, Patrick Lumumba, congolês ex-proprietário do bar onde ela trabalhava meio período, na época da morte de sua colega de quarto, a britânica Meredith Kercher, em 2007, em Perugia.
Apesar da condenação, ela não cumprirá mais pena de prisão, tendo em vista que a pena de três anos conta como tempo já cumprido.
Knox, que retornou à Itália apenas pela segunda vez desde que foi libertada em 2011 para participar no julgamento, não demonstrou qualquer emoção visível quando o veredicto foi lido em voz alta. Mas seu advogado, Carlo della Vedova, declarou logo após que "Amanda está muito amargurada".
A americana chegou a ser presa e condenada pelo assassinato de Kercher, crime ocorrido em 1º de novembro de 2007, mas acabou absolvida pela Suprema Corte da Itália em 2015.
O italiano Raffaele Sollecito, namorado de Knox na época do homicídio, também foi sentenciado e posteriormente absolvido pelo crime. Até hoje, o único condenado em definitivo é o marfinense Rudy Guede, que pegou 16 anos de prisão e já cumpriu sua pena.
Inicialmente, Knox identificou Lumumba, nascido no Congo, pelo assassinato da estudante britânica de intercâmbio de 21 anos, apesar dele não ter ligação com o crime.
O novo julgamento foi determinado por uma decisão de um tribunal europeu de que a Itália violou os direitos humanos de Knox durante uma longa noite de interrogatórios dias após o assassinato de Kercher, ao privá-la de um advogado e de um tradutor competente.
Em outubro passado, o Supremo Tribunal de Cassação da Itália anulou a condenação e ordenou um novo julgamento. "No dia 5 de junho entrarei no tribunal onde já fui condenada por um crime que não cometi, desta vez para me defender novamente", escreveu Knox na rede X. "Espero limpar meu nome de uma vez por todas das falsas acusações. Desejem-me sorte!", acrescentou.
No início da audiência hoje, a americana pediu aos oito juízes italianos e aos membros do júri civil que a inocentassem da acusação de calúnia, porque "nunca quis caluniar Patrick".
"Ele era meu amigo, cuidou de mim e me consolou pela perda da minha amiga [Kercher]. Lamento não ter resistido à pressão e que ele tenha sofrido. Peço humildemente para me declarar inocente", concluiu ela, se descrevendo como uma jovem de 20 anos "assustada e enganada".
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