O governo da Bolívia contestou a versão de tentativa de assassinato do ex-presidente Evo Morales, acirrando ainda mais os ânimos políticos entre o atual governo, liderado por Luis Arce, e o ex-mandatário.
"Senhor Morales, ninguém acredita que você encenou o incidente, mas terá que responder à justiça boliviana pela tentativa de homicídio de um policial", afirmou o ministro do Interior, Eduardo del Castillo, em entrevista coletiva.
Em um vídeo divulgado no último domingo (27), Morales (2006-2019) disse ter sido vítima de um ataque armado ao veículo em que viajava na região do Chapare, centro do país.
"Agentes de elite do Estado boliviano tentaram me assassinar", disse ele.
Segundo o ex-líder, seu carro foi atingido por 14 balas e seu motorista ficou ferido, versão que foi contestada pelo ministro do Interior.
Del Castillo explicou que como parte da luta contra o tráfico de drogas em Chapare, uma das principais áreas de produção de coca do país andino, foram montados postos de controle que ordenaram que um dos veículos de Morales diminuísse a velocidade, mas o motorista ignorou a ordem.
"Eles aceleraram, em vez de desacelerar, aceleraram, sacaram as armas e atiraram", disse Del Castillo, acrescentando que um policial ficou ferido ao ser atropelado por um dos carros.
Morales respondeu a Del Castillo em sua conta no X. "Se Luis Arce não deu a ordem para nos matar, deveria imediatamente demitir e levar a julgamento os seus ministros da Defesa e do Interior", escreveu ele.
O embate entre Morales e o atual governo chamou a atenção da Organização das Nações Unidas (ONU), que pediu a ambos os lados para optarem pelo diálogo na resolução dos problemas mais urgentes da Bolívia, e não pelo uso da força.
"Acompanho a Bolívia, onde os bloqueios de estradas ultrapassaram 10 dias. Apelo aos atores envolvidos para que garantam o cumprimento das normas internacionais sobre o direito de protestar e para que avancem em um diálogo com ampla participação dos cidadãos e suas organizações", escreveu Gina Romero, relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos à liberdade de reunião e associação pacífica, em sua conta no X.
Morales e Arce, dois líderes da esquerda boliviana, são protagonistas há mais de um ano de um embate pelo controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS) em vista das eleições presidenciais do ano que vem.
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