A senadora Simone Tebet (MDB) anunciou nesta quarta-feira (5) apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições.
Em pronunciamento, a candidata derrotada no primeiro turno em terceiro lugar, com 4,16% dos votos, enfatizou que, "apesar das críticas" que fez, depositará em Lula seu voto, porque reconhece "seu compromisso com a democracia e Constituição", o que desconhece em Bolsonaro.
"Critiquei os dois candidatos e continuo a reiterar as minhas críticas, mas pelo amor que tenho ao Brasil e à Constituição peço desculpas aos meus amigos e companheiros que imploraram pela neutralidade", declarou.
Segundo a senadora, seu voto está de acordo com sua "consciência e razão"."Não anularei meu voto, não votarei em branco, não cabe omissão. Meu apoio não será por adesão. Meu apoio é por um Brasil que sonho ser de todos", reforçou.
Para a política, se omitir seria "desonrar a história de vida pública de meu pai e de homens históricos do meu partido e da minha coligação".
Tebet disse ainda que espera que a campanha petista incorpore cinco propostas que apresentou, entre elas a de composição de um ministério "plural" e poupança para jovens que concluírem o ensino médio.
Além disso, pediu a Lula que dê atenção ao projeto que pretende zerar as filas de vagas em creches e escolas para crianças e a de procedimentos na saúde e aumentar repasses ao Sistema Único de Saúde, soluções para o endividamento das famílias, sancionar lei que proponha a igualdade de salário entre homens e mulheres, entre outras.
"Meu apoio é por projetos que defendo e ideias que espero ver acolhidas", ressaltou ela, afirmando que "cabe agora a eles a palavra em relação a esses pedidos feitos".
Durante seu discurso, ela lembrou que apresentou sua candidatura como uma alternativa para tentar combater a polarização e explicou que estará nas ruas até dia 30 de outubro para uma campanha vigilante e de "paz".
Um dos temas mais polêmicos da campanha deste segundo turno, a religião, também foi comentado no discurso de Tebet.
"Neste ponto, um desabafo: de que vale irmos às nossas igrejas, proclamar a nossa fé, se não somos capazes de pregar o evangelho e respeitar o nosso próximo nos nossos lares, no nosso trabalho, nas ruas de nossa pátria?", enfatizou.
De acordo com ela, "há um Brasil a ser, imediatamente, reconstruído. Há um povo a ser, novamente, reunido. Reunido na diversidade, antes e sempre, a nossa maior riqueza, agora esmigalhada por todos os tipos de discriminação".
Mais cedo, Lula e Tebet almoçaram na casa de Marta Suplicy, nos Jardins, em São Paulo, para debater as condições para o apoio.
Ontem, a senadora já havia se reunido com o candidato a vice do petista, Geraldo Alckmin (PSB), e os dois, inclusive, foram fotografados segurando o plano de governo de Tebet.
O MDB, por sua vez, declarou que manterá a neutralidade e liberou os diretórios a se posicionarem como preferirem. Já o governador do MDB reeleito no Pará, Helder Barbalho, anunciou também que vai apoiar o ex-presidente Lula.
Para Barbalho, o projeto de governo do petista é o que mais se assemelha com o de seu partido, como o fortalecimento das instituições, o respeito a democracia e às relações federativas.
O segundo turno das eleições presidenciais será realizado no próximo dia 30 de outubro, após Lula conquistar 48,43% dos votos na disputa, contra 43,20% de Bolsonaro.
PDT -
Nesta tarde, Lula também se reuniu com o líder do PDT, Carlos Lupi, em São Paulo, para comentar o apoio do partido do ex-governador do Ceará Ciro Gomes.
Lupi, que foi convidado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para integrar a coordenação da campanha de Lula, reafirmou o apoio do partido e disse que o PDT já foi perseguido e jamais estaria ao lado dos torturadores.
"Não é eleger só o Lula, é impedir um mal que a sociedade brasileira está abatida. Bolsonaro representa tudo que a gente lutou durante a vida toda contra. Eu falei ontem e repito: 'nós somos o partidos dos torturados, dos caçados, dos exilados. Jamais estaremos ao lado dos torturadores", declarou.
Segundo Lupi, estar ao lado de Lula "neste momento é estar ao lado da democracia, ao lado dos brasileiros que sonham com a sociedade mais justa, mais fraterna, ao lado de quem tem o verdadeiro cristianismo".
"Na minha bíblia está ''amai-vos uns aos outros'. O que está aí sendo vendido como cristão, na verdade, é o diabo em forma de gente", concluiu. (ANSA)
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