Após a explosão de milhares de pagers na última terça-feira (17), o Líbano voltou a registrar nesta quarta (18) detonações coordenadas de dispositivos eletrônicos, incluindo walkie-talkies e sistemas ligados a painéis solares e leitores de impressões digitais.
Os incidentes ocorreram na capital Beirute e no sul do país, incluindo a cidade de Sídon, e deixaram, até o momento, pelo menos nove mortos e centenas de feridos. Os alvos seriam membros do grupo xiita libanês Hezbollah, aliado do Hamas na Faixa de Gaza.
Também há relatos de explosões de walkie-talkies durante funerais de pessoas mortas nos ataques de terça, que fizeram pelo menos 12 vítimas no país, incluindo duas crianças e quatro trabalhadores da saúde.
Além disso, as detonações de pagers mataram 19 membros da Guarda Revolucionária do Irã e sete combatentes do Hezbollah na Síria, segundo a imprensa local, na terça.
"Essa é a indicação do grave risco de uma dramática escalada no Líbano. É preciso fazer todo o possível para evitar isso", alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres. "É muito importante que objetos civis não sejam transformados em armas", acrescentou.
Já o Conselho de Segurança, a pedido da Argélia, convocou uma reunião de emergência sobre o tema para as 16h (horário de Brasília) da próxima sexta-feira (20).
O Hezbollah prometeu um "duro acerto de contas" contra Israel, a quem atribui as explosões, e "continuar com as abençoadas operações" em prol dos palestinos da Faixa de Gaza. Está previsto um discurso do líder da organização xiita, Hassan Nasrallah, para a tarde de quinta-feira (19).
O temor da comunidade internacional é de que as detonações de dispositivos eletrônicos provoquem o aumento da já elevada tensão no Oriente Médio, enquanto as negociações para um cessar-fogo entre Israel e Hamas seguem travadas.
"Isso chega depois das ameaças israelenses de ampliar o raio de ação da guerra ao Líbano, o que faria a região cair em um ciclo de violência mais amplo", declarou o ministro das Relações Exteriores libanês, Abdallah Bou Habib.
Os últimos acontecimentos já enfureceram a população libanesa, e uma multidão atacou um carro da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), batalhão de paz no qual militares italianos formam o principal contingente, em Tiro, no sul do país. Além disso, aviões militares israelenses realizaram dois ataques aéreos na linha de demarcação entre as duas nações.
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