A Polícia de Estado da Itália deflagrou nesta segunda-feira (30) uma ampla operação contra torcidas organizadas da Inter de Milão e do Milan, dois dos maiores clubes do futebol europeu, e cumpriu medidas cautelares contra 19 pessoas investigadas por crimes como formação de quadrilha, ligação com a máfia e extorsão.
Desse total, 16 foram presas em regime fechado, e três, colocadas em prisão domiciliar.
A suspeita dos investigadores é de que os principais grupos de "ultras" de Inter e Milan teriam entrado em acordo para evitar brigas e assumir o controle de atividades econômicas ligadas ao Estádio San Siro, incluindo por meio de extorsões e intimidações.
Essas atividades incluiriam venda ilegal de ingressos para partidas, comércio de bebidas e de produtos oficiais dos clubes, gestão de estacionamentos e participações nas rendas de vendedores ambulantes.
Entre os presos está Luca Lucci, chefe dos "ultras" do Milan, e Renato Bosetti, novo líder dos torcedores organizados da Inter e que havia substituído Andrea Beretta, preso há algumas semanas pelo assassinato do mafioso Antonio Bellocco.
Uma das hipóteses da polícia é de que dirigentes dos "ultras" interistas repassavam parte dos ganhos com atividades ilegais para um clã da 'ndrangheta, a poderosa máfia calabresa, chamado Bellocco.
"A investigação demonstra os riscos de infiltração [mafiosa] no futebol profissional. É preciso parar de fingir que nada acontece", cobrou o procurador nacional antimáfia, Giovanni Melillo.
Fedez - Outro alvo da operação é Christian Rosiello, guarda-costas do rapper Fedez e alvo de prisão preventiva. Rosiello participou do espancamento do personal trainer Cristiano Iovino, que havia brigado com o músico em uma boate em abril passado, ao lado de torcedores organizados do Milan.
De acordo com o juiz Domenico Santoro, que autorizou as medidas cautelares, a agressão a Iovino mostra "como uma franja dos ultras do Milan se transformou em uma espécie de grupo violento dedicado a ações punitivas, inclusive sob encomenda".
Fedez não é investigado, mas, segundo uma gravação telefônica obtida pela polícia, ele teria pedido ajuda de Lucci para vender uma bebida patrocinada por ele dentro do San Siro. Em troca, os "ultras" receberiam uma parte do faturamento.
Os dois clubes de Milão também não são investigados, porém terão de demonstrar que romperam as ligações com as torcidas organizadas. Em determinada ocasião, Marco Ferdico, outro importante líder dos "ultras" da Inter e alvo de prisão preventiva, cobrou que o técnico Simone Inzaghi interviesse junto à Inter para obter "mais 200 ingressos" para a final da Liga dos Campeões contra o Manchester City, em Istambul, no ano passado.
Em resposta, Inzaghi prometeu falar com os dirigentes interistas.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA