Após uma reunião na manhã deste domingo (23), os líderes do Partido Democrático (PD, centro-esquerda), do Movimento 5 Estrelas (M5S, populista) e da coalizão Livres e Iguais (LeU, esquerda) mostrou unidade do bloco para a indicação de nomes para a disputa da Presidência da República, que se inicia neste 24 de janeiro.
"Servem candidatos de alto perfil, amplamente apoiados e que estejam aptos a representar todos os italianos. Nas próximas horas, vamos promover discussões necessárias para chegar a uma mesa com todos os grupos parlamentares para indicar um nome conjunto", diz a nota oficial assinada por Enrico Letta, Giuseppe Conte e Roberto Speranza.
Os três ainda informaram que uma reunião será realizada amanhã pela manhã, antes do início da votação, para "definir o comportamento para a primeira votação". Fontes ouvidas pela ANSA e que acompanharam o encontro afirmaram que o bloco deve votar em branco no primeiro escrutínio.
A decisão foi tomada um dia depois da desistência de Silvio Berlusconi de tentar ser presidente do país. O ex-premiê tinha sido apresentado como candidato pelo bloco de direita, que reúne o Força Itália (FI, centro-direita), Liga (extrema-direita) e Irmãos da Itália (FdI, extrema-direita), e que segundo as pesquisas de opinião tem cerca de 50% dos votos dos cidadãos.
"Eu estou satisfeito, foi tudo muito bem. Estou otimista e estou ainda mais quando trabalho pelo interesse do país", disse o ex-premiê Conte aos jornalistas após o fim da reunião.
Questionado se houve um acordo sobre um nome para o cargo, o líder do M5S disse que não houve debate sobre isso.
A senadora Loredana De Petris, liderança do LeU no Senado, seguiu na mesma linha e disse que essa foi uma reunião "muito positiva" e que o trabalho "está em andamento".
Apesar da negativa de Conte sobre a falta de debates sobre nomes, uma indicação que ganhou força neste fim de semana foi de alguém que não estava entre os mais cotados: trata-se do historiador e professor universitário Andrea Riccardi, 72 anos.
O estudioso já foi ministro para a Cooperação Internacional e Integração durante o governo de Mario Monti (2011-12) e é um dos fundadores da organização católica dedicada à caridade, à promoção da paz e à evangelização Comunidade Santo Egídio.
A possível escolha de Riccardi atenderia a maior exigência do PD e do M5S: que o indicado à Presidência tenha um perfil institucional e não tenha ligações político-partidárias muito fortes - um dos principais problemas, por exemplo, na indicação de Berlusconi.
Eleição
A escolha do presidente da Itália para substituir Sergio Mattarella começará nesta segunda-feira (24) e deve prosseguir durante a semana.
Para ser eleito, um candidato precisa obter dois terços dos 1009 votos disponíveis (673), mas esse patamar vale apenas para os três primeiros escrutínios. Se o pleito chegar até a quarta votação, passa a ser necessária apenas a maioria simples (505).
Essa diferença é uma maneira de incentivar os partidos a buscar um consenso o mais amplo possível.
Até o momento, não há um nome apontado como favorito e já foi até mesmo cogitada a possibilidade do atual premiê, Mario Draghi, ser o mandatário - mas a ideia é rechaçada pelas principais forças políticas italianas, que veem no economista a estabilidade necessária para encerrar a legislatura, em 2023, sem grandes sustos ou problemas.
A questão é que o atual governo é formado por um grande espectro de orientações políticas e ideológicas, que vão da extrema-direita à centro-esquerda (dos grandes partidos, atualmente, apenas o FdI não faz parte da coalizão).
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