Ainda sem acordo entre os partidos, o Parlamento da Itália faz nesta sexta-feira (28) a quinta votação para eleger o próximo presidente da República.
Faltando menos de uma semana para o fim do mandato de Sergio Mattarella, em 3 de fevereiro, as forças políticas seguem negociando para tentar encontrar um nome de consenso que evite uma ruptura na coalizão de união nacional do premiê Mario Draghi.
O colégio eleitoral é formado por 1.009 integrantes, sendo 630 deputados, 321 senadores e 58 delegados regionais, mas nenhum campo político tem os 505 votos necessários para eleger sozinho o próximo presidente.
Nas primeiras quatro votações, os principais partidos orientaram o voto em branco ou a abstenção, mas a coalizão de direita decidiu mudar de postura nesta sexta-feira e votar na presidente do Senado, Elisabetta Casellati, da legenda Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi.
Essa aliança conservadora ainda inclui os partidos de ultradireita Liga, de Matteo Salvini, e Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni, sendo que este último faz oposição a Draghi.
A coalizão sabe que não conseguirá eleger Casellati sozinha, mas pretende impulsionar seu nome para colocar pressão na centro-esquerda e no antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).
Em teoria, Casellati pode conseguir aproximadamente 450 votos, mas um resultado acima desse número fortaleceria a aliança de direita nas negociações. Porém, se ficar abaixo, a coalizão entre Salvini, Meloni e Berlusconi ficaria enfraquecida.
"Uma mulher das instituições no Quirinale. É uma honra indicá-la", escreveu Salvini no Facebook - a Itália nunca teve uma mulher presidente em 75 anos de república.
Por outro lado, uma eventual vitória da presidente do Senado à revelia da centro-esquerda e do M5S provocaria uma ruptura no governo Draghi e poderia até levar a Itália a eleições legislativas antecipadas. "Se Casellati passar, a legislatura termina", escreveu no Twitter o deputado Alessandro Zan, do Partido Democrático (PD).
O impasse gira em torno do fato de que, para manter o governo de pé, é preciso encontrar um nome de consenso na situação, mas a base de Draghi inclui quase todos os grandes partidos do país, da esquerda à extrema direita, e os líderes não estão conseguindo conciliar interesses tão heterogêneos.
Para tentar acelerar o desfecho, os partidos concordaram em realizar duas votações por dia a partir desta sexta-feira. Se o quinto escrutínio fracassar, os parlamentares voltarão às urnas às 17h (13h em Brasília).
Apesar de ter um papel mais institucional do que político, o presidente da Itália está longe de ser uma figura meramente cerimonial e tem poder para influenciar os rumos do país, nomeando premiês, barrando indicações de ministros e até cobrando a aprovação de leis do interesse da nação. (ANSA)
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