O jurista Sergio Mattarella, 80 anos, se tornou neste sábado (29) o segundo presidente reeleito na história da República da Itália.
O chefe de Estado recebeu 759 votos no Parlamento (de um total de 1.009) e seguirá no cargo pelos próximos sete anos, apesar de inicialmente ter sido contra sua reeleição.
Mattarella nasceu em Palermo, é viúvo e tem três filhos: Laura, Francesco e Bernardo Giorgio, sendo que a primeira costuma acompanhar o pai em compromissos institucionais.
Advogado de formação e antigo expoente da extinta Democracia Cristã, o presidente já foi deputado por 25 anos e ministro das Relações com o Parlamento (1987-1989), da Educação (1989-1990) e da Defesa (1999-2001).
Além disso, foi vice-presidente do Conselho dos Ministros entre 1998 e 1999. Sua última legenda política foi o Partido Democrático (PD), maior força de centro-esquerda na Itália e do qual ele saiu em 2009.
Dois anos depois, Mattarella foi nomeado juiz da Corte Constitucional, onde ficaria até o início de 2015, quando se tornou o primeiro siciliano eleito presidente da República.
O irmão mais velho de Mattarella, Piersanti, foi assassinado pela Cosa Nostra em 1980, quando era governador da Sicília, por ter contrariado interesses da máfia, crime que levou o jurista para a carreira política.
Tido como moderado e de perfil discreto, Mattarella tem ampla aceitação popular e aparece em todas as pesquisas como o político mais confiável do país - uma sondagem divulgada na semana passada mostrou que mais de 60% dos italianos torciam por sua reeleição.
Sua capacidade de mediação também angariou a simpatia dos mais diversos campos políticos, inclusive daqueles que foram contra sua primeira eleição à Presidência.
O ex-premiê Silvio Berlusconi, cujo partido, o conservador Força Itália (FI), não votou em Mattarella em 2015, desta vez lhe telefonou do hospital onde está internado para declarar apoio e pedir que o presidente continuasse no cargo.
Por sua vez, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que em 2018 chegou a ameaçar Mattarella de impeachment por sua decisão de barrar a nomeação de um ministro da Economia antieuro, agora é um dos principais entusiastas do mandatário.
Outro que também mudou de ideia foi o senador de ultradireita Matteo Salvini, secretário federal da Liga. "Mattarella não é meu presidente", escreveu nas redes sociais em 31 de janeiro de 2015. Sete anos depois, Salvini também declararia apoio à reeleição do chefe de Estado.
Mattarella non è il mio presidente.
— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) January 31, 2015
O presidente italiano é defensor da estabilidade política, do europeísmo, do acolhimento de refugiados e, em tempos de pandemia, das vacinas e da ciência, pautas que frequentemente se chocam com a ultradireita.
No entanto, apesar da popularidade, Mattarella havia dado sinais de que não queria ser reeleito, para assim poder aproveitar uma aposentadoria tranquila depois de sete anos exaustivos.
Além disso, ele temia fixar de vez um precedente perigoso para um cargo de mandato tão longo. Em 75 anos de república, a Itália teve apenas dois chefes de Estado reeleitos: Mattarella e seu antecessor, Giorgio Napolitano.
Nos últimos dias, o presidente chegou a alugar um apartamento em Roma para o pós-Presidência, mas a falta de acordo entre os partidos para indicar um nome alternativo o convenceu a aceitar a reeleição. (ANSA)
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