O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, telefonou nesta quinta-feira (26) para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para conversar sobre a guerra na Ucrânia e os desdobramentos do conflito.
Esse foi o segundo contato direto entre os dois líderes desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro.
De acordo com o governo italiano, Draghi pediu esforços para se encontrar uma "solução compartilhada para a crise alimentar em curso e as graves repercussões nos países mais pobres do mundo".
Milhares de toneladas de grãos estão estocadas em silos em portos ucranianos devido ao bloqueio naval imposto pela Rússia no Mar Negro, única rota marítima para escoar a produção agrícola do país.
"O objetivo era perguntar se ele podia fazer alguma coisa para desbloquear o trigo que hoje está em depósitos na Ucrânia, porque a crise alimentar que está se aproximando e que já está presente em alguns países africanos terá proporções gigantescas e consequências humanitárias terríveis", disse Draghi em coletiva de imprensa em Roma.
O premiê também alertou que é preciso desbloquear os portos ucranianos para não correr o risco de estragar os grãos. "Putin disse que o problema é que os portos estão minados", acrescentou o chefe de governo.
Pouco antes, o ministro russo da Defesa, Sergey Shoigu, havia informado que o porto de Mariupol, recém-conquistado pela Rússia, já foi completamente "desminado", o que permitiria a reabertura do tráfego de navios civis no Mar de Azov, ao norte do Mar Negro.
"Pode ser que não dê em nada, mas a gravidade nos impõe arriscar até com coisas que podem não terminar bem. Todos têm consciência do que está em jogo, que são as vidas de milhões de pessoas", acrescentou Draghi.
Kremlin
Segundo a versão do Kremlin, Putin reiterou durante o telefonema a promessa de permitir as exportações de grãos e fertilizantes se as sanções ocidentais contra a Rússia forem revogadas.
De acordo com Moscou, o presidente disse ao premiê que a crise alimentar é resultado de "perturbações nas cadeias logísticas" e piorou com as "restrições anti-Rússia" impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Além disso, Putin afirmou que tem intenção de garantir o fornecimento "ininterrupto" de gás natural à Itália - a empresa ENI, que tem o governo italiano como principal acionista, abriu recentemente uma conta em rublos no Gazprombank, mas salientou que vai continuar pagando pela commodity em euros. (ANSA)
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