Em meio a turbulências no seu governo, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, participou nesta terça-feira (12) de um jantar de correspondentes da imprensa internacional em Roma e aproveitou para fazer piada com banqueiros.
O evento foi realizado pela primeira vez e se inspira no jantar com jornalistas organizado anualmente pela Casa Branca, ocasião que costuma ter discursos descontraídos do presidente dos Estados Unidos.
"É um grande prazer estar aqui com vocês hoje. Obrigado pelo convite a essa estreia mundial. Nessas ocasiões, cabe fazer um discurso leve, irônico, um pouco fora do comum. Vocês começaram bem, com um ex-banqueiro central", afirmou Draghi, que presidiu o Banco Central Europeu (BCE) entre 2011 e 2019.
"Vem à mente a história de um homem que está esperando um transplante de coração. Dizem a ele que há dois corações: o de um jovem de 25 anos e em esplêndida forma e o de um banqueiro central de 86 anos. 'Escolho o segundo', diz o homem. 'Mas por que?' 'Porque nunca foi usado'", brincou o premiê.
Draghi também fez piada com as vitórias esportivas, culturais e científicas da Itália no início de seu mandato e com as desilusões que se seguiram.
"Nos primeiros meses deste governo, muitos de vocês escreveram que este Executivo coincidia com um momento mágico para a Itália: a vitória do Maneskin no Eurovision, o triunfo da seleção de futebol na Eurocopa, Berrettini na final em Wimbledon, as medalhas nas Olimpíadas, o Nobel de Física a Giorgio Parisi. Uma série de eventos assim nunca tinha sido vista", afirmou o primeiro-ministro.
"A partir daquele momento, tudo andou às mil maravilhas: a Itália não se classificou para a Copa, chegamos em sexto no Eurovision, Berrettini não jogou em Wimbledon porque pegou Covid, e eu vivo com medo de que a Academia Sueca chame Parisi para dizer que erraram", acrescentou.
O discurso marca um raro momento de descontração de Draghi, conhecido pelo aspecto sisudo e pela austeridade não apenas econômica, mas também na retórica.
O economista está no poder desde fevereiro de 2021, quando foi nomeado pelo presidente Sergio Mattarella para chefiar um governo de união nacional que vai da esquerda à extrema direita.
O objetivo de Draghi é guiar o país de forma estável até as eleições legislativas do primeiro semestre de 2023, mas nas últimas semanas ele teve de lidar com o fogo amigo de um dos principais partidos da base aliada, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que já ensaiou até um desembarque do governo. (ANSA)
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