O bloco de centro-direita, formado pelos partidos Irmãos da Itália (FdI), Liga e Força Itália (FI), fez seu último comício conjunto nesta quinta-feira (22) antes das eleições gerais do próximo domingo (25).
No palco, montado na Piazza del Popolo, em Roma, os líderes das siglas defenderam diversos pontos do plano de governo que pretendem implantar.
O primeiro a falar foi o ex-premiê Silvio Berlusconi, do conservador FI, que foi bastante aplaudido ao falar da "união" da direita italiana nesse pleito e sobre a redução de impostos propostas.
Em outro momento, Berlusconi criticou a justiça italiana dizendo que o possível novo governo quer um país "onde os juízes não usem seu poder para atingir e eliminar adversários políticos". O ex-premiê é alvo de diversos processos sob a acusação de corrupção de testemunhas e chegou a perder seus direitos políticos por cinco anos.
Na sequência, foi a vez do líder da sigla de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, subir ao palco para falar sobre as medidas a serem tomadas. Entre os principais pontos do discurso, houve críticas novamente aos projetos de cidadania aos menores de idade e estudantes - que estão parados no Parlamento.
"Para o jus scholae e o jus soli, eu digo não por dois motivos. Primeiro que a lei que está em vigor torna a Itália o país europeu que concede mais cidadanias, e depois a cidadania não é um prêmio de visita ao parque. Deve ser escolhida e desejada ao fazer 18 anos de idade", afirmou.
Sobre as críticas de que o bloco de centro-direita fará um governo para mudar a postura italiana no âmbito internacional, Salvini afirmou que quer fazer referendos sobre as mudanças nas regras de uso de motores a combustão - recentemente divulgadas pela União Europeia -, mas que a posição italiana tradicional não será alterada.
"Nós não vamos mudar a colocação internacional e ficaremos orgulhosamente entre os países livres e ocidentais. Não estamos sendo pagos por ninguém, mas quero governar uma Itália respeitada no exterior, que anda de cabeça erguida, que não aceita ordens dos outros", afirmou ainda.
Em crítica direta à UE, o representante da Liga disse que a coalizão "vai vencer e governaremos juntos por cinco anos" e que "é para colocar o coração em paz porque em Berlim, Paris e Bruxelas são vocês que votam".
A mais aplaudida da noite, porém, foi Giorgia Meloni, líder do ultranacionalista FdI. A sigla aparece à frente dos adversários das últimas pesquisas de opinião, em empate técnico com o centro-esquerda Partido Democrático (PD).
Em uma das principais passagens de seu discurso, Meloni voltou a defender a introdução do presidencialismo na política da Itália. Atualmente, quem escolhe o chefe de Estado é o Parlamento, em um mandato que dura sete anos.
"Se os italianos nos derem a maioria, faremos uma reforma no sentido presidencial e ficaremos felizes se a esquerda quiser nos dar uma mão em deixar nossas instituições mais eficientes. Mas, se os italianos nos derem os números, faremos sozinhos mesmo", afirmou aos presentes em praça de Roma.
Meloni ainda criticou as restrições sanitárias usadas durante a pandemia de Covid-19 pelo governo de Giuseppe Conte, do Movimento 5 Estrelas (M5S), e de Mario Draghi - em governo que era apoiado por todos os grandes partidos italianos menos o FdI.
"Liberdade vale também para como queremos combater um eventual retorno da pandemia. Não aceitaremos mais que a Itália seja um experimento da aplicação do modelo chinês em um país ocidental", pontuou.
Exagerando nos dados, Meloni criticou o atual ministro da Saúde, Roberto Speranza, dizendo que "com o modelo dele, fomos o país com as maiores restrições e os maiores contágios". Ela ainda afirmou que "não vamos mais perder nossas liberdades fundamentais para esses aprendizes de feiticeiros".
Segundo as pesquisas de opinião, que pararam de ser divulgadas desde o dia 9 de setembro por conta da legislação nacional, o grupo formado pelos três partidos teria entre 43,8% e 46,6% das intenções de voto nas eleições do dia 25.
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