Mais de dois dias após sua vitória nas eleições parlamentares de 25 de setembro, a deputada de extrema direita Giorgia Meloni segue trabalhando em silêncio na formação de sua equipe de governo.
Desde a votação, a líder do partido Irmãos da Itália (FdI) tem mantido uma agenda de encontros a portas fechadas, telefonemas e análises de documentos, enquanto a imprensa local especula sobre os futuros ministros.
O Executivo também englobará os partidos Liga, de Matteo Salvini, e Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, agora forças minoritárias na coalizão conservadora, mas sem os quais Meloni não conseguirá governar.
Uma das hipóteses ventiladas nas últimas horas cogita a nomeação de dois vice-premiês para acomodar Salvini, que já ocupou esse cargo no primeiro governo de Giuseppe Conte (2018-2019), e Antonio Tajani, coordenador nacional do FI.
Meloni já teria conversado com Tajani sobre essa possibilidade na última terça (27) e falará com Salvini nos próximos dias. É notório que o secretário da Liga almeja voltar ao Ministério do Interior, pasta responsável por políticas de segurança e imigração, mas o mau resultado de seu partido (9% dos votos) pode enfraquecer seu pleito.
"O que o país espera é que sejam escolhidas as melhores pessoas. Não digo as melhores em absoluto, mas pessoas que cheguem no ministério às 8h da manhã de segunda e fiquem ali ao menos até as 19h de sexta-feira", afirmou Guido Crosetto, coordenador nacional do FdI e um dos mais cotados para integrar o novo governo.
Outros ministérios-chave são os das Finanças e das Relações Exteriores, que podem ganhar nomes "técnicos" - para o primeiro, o mais cotado é o economista Fabio Panetta, membro do comitê-executivo do Banco Central Europeu (BCE).
Meloni, por sua vez, segue em silêncio sobre sua futura equipe, porém usou o Twitter nesta quarta (28) para desmentir que tenha vetado Salvini. "Acho bastante surreal que certa imprensa invente aspas minhas, publicando reconstruções totalmente arbitrárias. Coloquem a alma em paz: a centro-direita venceu as eleições unida e está pronta para governar", disse a futura premiê.
Ela acrescentou à mensagem uma montagem com duas manchetes: "Meloni não cede sobre Salvini: 'Não o quero, é pró-Rússia'", do jornal La Stampa, e "O veto de Meloni a Salvini: 'Matteo não terá ministérios-chave'", do diário La Repubblica.
A nova legislatura tomará posse somente em 13 de outubro, o que dará início ao processo de consultas do presidente Sergio Mattarella com os partidos para a formação do governo. Como a coalizão conservadora terá ampla maioria no Parlamento, a expectativa é de que as negociações sejam breves. (ANSA)
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