O primeiro-ministro demissionário da Itália, Mario Draghi, afirmou nesta quarta-feira (5) que o Plano Nacional de Retomada e Resiliência (PNRR) não tem atrasos em sua implementação mesmo com a mudança de governo. O programa é focado na recuperação pós-pandemia e tem fundos bilionários vindos da União Europeia.
"Não há atrasos na aplicação do PNRR, se eles existissem, a Comissão [Europeia] não mandaria mais dinheiro", afirmou em Roma referindo-se à liberação da segunda parcela financeira ao país no dia 27 de setembro.
O atual premiê, que deve deixar o cargo em breve, ainda acrescentou que foram adotadas "todas as medidas necessárias para favorecer uma eficaz atuação do plano" e que agora "se espera, obviamente, que o próximo governo continue o trabalho de aplicação - e estou certo que ele será feito com a mesma força e eficácia".
"O PNRR é uma ocasião única para a retomada da Itália, para a superação das desigualdades territoriais, de gênero e geracionais que existem no país. A sua plena implementação é fundamental para a nossa credibilidade - para nossos cidadãos e para nossos parceiros internacionais. Precisamos manter os compromissos assumidos e, para fazer isso, é preciso o apoio de todos", acrescentou ainda Draghi, ressaltando que o desafio dos próximos meses serão as questões energéticas.
Quase ao mesmo tempo em que o atual premiê se reunia com membros do governo, a provável futura primeira-ministra Giorgia Meloni, líder da sigla de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI), vencedora das eleições antecipadas, criticou os "atrasos" no plano de recuperação.
"Herdaremos uma situação difícil. Os atrasos do PNRR são evidentes e difíceis de serem recuperados e estamos conscientes de que há uma falta que não depende de nós, mas que será atribuída a nós também por aqueles que a criaram", disse Meloni durante uma reunião da executiva nacional do FdI.
Até o momento, a Itália recebeu cerca de 46 bilhões de euros da União Europeia, em duas parcelas, para colocar em prática as medidas apresentadas no seu PNRR. Para receber a terceira parte, de 19 bilhões de euros, o governo italiano precisará cumprir 55 objetivos do plano até dezembro de 2022.
Ao todo, a Itália receberá 191,5 bilhões de euros da UE até 2026 e usará esse dinheiro para financiar 190 projetos, incluindo 132 investimentos e 58 reformas estruturais.
O PNRR é dividido em seis macroáreas: revolução verde e transição ecológica (68,65 bilhões), digitalização, inovação, competitividade e cultura (49,27 bilhões), educação e pesquisa (31,88 bilhões), infraestrutura e mobilidade sustentável (31,46 bilhões), inclusão e coesão (22,37 bilhões) e saúde (18,51 bilhões).
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