O ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, afirmou nesta quarta-feira (16) que os navios de ONGs que operam no Mediterrâneo não são "inofensivos".
As embarcações humanitárias já resgataram cerca de 11 mil pessoas no mar desde o início do ano, aproximadamente 12% dos migrantes forçados que desembarcaram na Itália em 2022, mas protagonizaram uma queda de braço com o governo de Giorgia Meloni no início de novembro.
Uma delas, a Ocean Viking, da SOS Méditerranée, foi impedida de atracar em solo italiano com 234 náufragos a bordo e forçada a buscar um porto seguro na França, a mil quilômetros de distância.
"Esses navios agem de modo autônomo, comprometendo também a capacidade de fazer operações de salvamento. Então é legítimo considerar o trânsito dessas embarcações como não-inofensivo", disse Piantedosi, indicado ao cargo pelo líder de extrema direita Matteo Salvini, em sabatina no Senado.
O ministro do Interior ainda afirmou que a presença de navios de ONGs no Mediterrâneo representa um "fator de atração" para migrantes forçados. Além disso, declarou que o sistema de acolhimento italiano abriga atualmente 100 mil pessoas e está "saturado".
A SOS Méditerranée reagiu às falas de Piantedosi e disse à ANSA que a teoria do "fator de atração" - que culpa as ONGs pelos fluxos migratórios no Mediterrâneo - é uma "velha fake news".
"Deveriam prestar atenção no 'fator de pressão', ou seja, naquilo que acontece nos centros de detenção arbitrária na Líbia, onde as pessoas são torturadas", afirmou a entidade, acrescentando que voltará ao mar em algumas semanas "para salvar vidas".
Piantedosi deve levar a questão migratória a uma reunião de ministros do Interior do G7 nesta quinta (17), na Alemanha, mas a comissária da Assuntos Internos da União Europeia, Ylva Johansson, já prometeu ajudar a Itália". "Estamos prontos a dar apoio nessa situação", declarou. (ANSA)
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