Autoridades da Itália e da França se reuniram nesta quinta-feira (8), na cúpula dos ministros do Interior europeus em Bruxelas, para debater um plano de ação para o Mediterrâneo central, mas a diferença dos dois países sobre os resgates de migrantes feitos por navios humanitários não foram resolvidas.
"Para ser concreto, hoje, a questão da aplicação da lei, que é a questão que nos dividiu com as autoridades italianas no mês passado, não está resolvida", afirmam fontes do Palácio do Eliseu sobre as relações com o governo de Giorgia Meloni após o caso "Ocean Viking".
O navio humanitário da ONG francesa SOS Méditerranée esperou mais de duas semanas pela designação de um porto seguro para desembarcar 234 migrantes salvos no mar.
Após ter sido recusado na Itália, que seria o porto seguro mais próximo, a embarcação teve de navegar até Toulon, na França, a mais de mil quilômetros de distância. Em retaliação, o governo de Emmanuel Macron suspendeu um acordo para acolher 3,5 mil solicitantes de refúgio que vivem na Itália e aumentou os controles na fronteira entre os dois países.
"Não vimos, em nenhum caso até agora, nenhuma mudança na posição das autoridades italianas sobre a aplicação da lei do estado de bandeira", acrescentaram.
As fontes do governo francês reforçaram ainda que estão "trabalhando com países terceiros para abordar a questão de uma forma muito mais ampla, ou seja, não apenas entre a França e a Itália, como aconteceu com o episódio Ocean Viking, quando um certo número de países terceiros, e mesmo europeus, não estiveram envolvidos na discussão".
"Focamo-nos numa discussão franco-italiana quando, pelo contrário, é obviamente uma discussão muito mais ampla", justificaram, celebrando "os progressos registrados em relação ao mês passado".
As declarações são dadas às vésperas da cúpula dos países mediterrâneos em Alicante, na Espanha, na qual havia a expectativa de um encontro bilateral entre Meloni e Macron.
"Não temos conhecimento de nenhum compromisso assumido pela premiê Meloni para uma visita a Paris. Ela também não recebeu nenhum convite oficial", explicaram fontes do Palazzo Chigi à ANSA, ressaltando que convites como esse "não são feitos na imprensa".
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