(ANSA) - Uma doença falsa inventada por médicos italianos ajudou a salvar as vidas de dezenas de judeus durante a batida promovida pelas forças nazifascistas no Gueto de Roma em 1943.
A falsa patologia foi pensada por médicos do Hospital Fatebenefratelli, ponto de referência da comunidade judaica na capital, e recebeu o nome de "doença de K", talvez em referência aos oficiais nazistas Herbert Kappler e Albert Kesselring, que exerciam posições de alto escalão na Itália, ou ao bacilo de Koch, bactéria causadora da tuberculose.
A "doença de K" era "altamente contagiosa" e se manifestava por meio de tosses e convulsões, podendo levar até à morte.
"Mas era totalmente inventada. Uma mentira bem-intencionada que permitiu salvar as vidas de pelo menos 45 judeus que estavam destinados aos campos de concentração", disse à ANSA Dario Manfellotto, diretor de medicina interna do Fatebenefratelli.
"O médico judeu Vittorio Sacerdoti, o diretor de medicina interna Giovanni Borromeo e seu discípulo Adriano Ossicini inventaram essa falsa doença", acrescentou.
Os "pacientes" da "doença de K" foram internados em uma área de isolamento absoluto e instruídos sobre como fingir os sintomas.
"Aterrorizados pela ideia de contrair uma doença muito contagiosa e perigosa, os alemães desistiram de inspecionar os pacientes em isolamento", contou Manfellotto.
Para ele, essa história é um "exemplo da ligação que sempre deve unir a ética e a medicina". (ANSA)
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