(ANSA) - A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, comentou nesta quinta-feira (2) o caso do líder anarquista Alfredo Cospito, que está em greve de fome na cadeia há mais de três meses, e disse que o governo não negocia com mafiosos nem terroristas.
"Assim como sempre dissemos que o Estado não lida com a máfia, o Estado também não lida com o terrorismo", declarou ela em entrevista ao canal italiano "Rete 4".
Cospito cumpre pena de 20 anos de prisão e está em greve de fome para protestar contra o 41-bis, nome do regime de isolamento total na cadeia, sistema geralmente reservado a mafiosos. A luta do italiano tem provocado uma série de manifestações no país e ataques liderados por grupos anarquistas contra sedes diplomáticas da Itália no exterior.
"Se eu estabeleço o princípio de que qualquer pessoa em 41 bis faz greve de fome e eu os retiro do 41 bis. Amanhã, quantos mafiosos teremos em greve de fome? Mafiosos que fazem greve de fome em 41 bis senão explodem nossos carros, quantos carros explodiriam?", questionou.
Para Meloni, uma coisa interessante que ainda não foi notada é que, em 1991, Cospito, já preso, resolveu fazer greve de fome, e recebeu indulto. "O Estado perdoou e foi atirar nas pessoas. Não estamos falando de vítima, como veja. É possível que hoje ele acredite que fazendo greve de fome novamente, ele poderia [conseguir o que quer]...", acrescentou.
Antes de voltar para cadeia, Cospito detonou duas bombas caseiras diante de uma escola de recrutas da Arma dos Carabineiros em Fossano, no norte da Itália, ação que não provocou vítimas.
"Acho que algo precisa ser esclarecido. Quem é Alfredo Cospito? Ele é um anarquista, está na prisão porque foi condenado pelo crime de massacre e porque, entre outras coisas, atirou nas pernas de um executivo nuclear do Ansaldo. Cospito termina em 41 bis porque durante sua detenção ele enviou ou encontrou uma maneira de enviar mensagens aos anarquistas que estavam do lado de fora dizendo 'continuem na luta, organizem-se'", explicou Meloni.
Por fim, ela acrescentou que o "41 bis é uma instituição precisa que é levada em consideração com base na gravidade do crime e na capacidade que se tem de se comunicar com o mundo exterior e se há perigo nessa comunicação".
Hoje, um parecer do procurador nacional antimáfia e antiterrorismo entregue ao ministro da Justiça, Carlo Nordio, diz que Cospito pode permanecer no 41 bis ou retornar ao regime de alta segurança, porém com as devidas cautelas.
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