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Vaticano desiste de reunião entre Papa e líder ortodoxo russo

Vaticano desiste de reunião entre Papa e líder ortodoxo russo

Encontro ocorreria no mês de junho, em Jerusalém

VATICANO, 22 abril 2022, 11:26

Redação ANSA

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Papa Francisco em encontro com Cirilo em Havana, em 2016 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O Vaticano desistiu de realizar um encontro entre o papa Francisco e o primaz da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo, previsto para ocorrer em junho, em Jerusalém.

A revelação foi feita pelo próprio líder católico em entrevista ao jornal argentino La Nación. "Nossa diplomacia entendeu que uma reunião entre os dois neste momento poderia se prestar a muitas confusões", disse Jorge Bergoglio, destacando que "lamenta" essa decisão.

Francisco e Cirilo já se reuniram uma vez em Havana, em 2016, após o líder ortodoxo ter se recusado a se encontrar com os papas João Paulo II e Bento XVI.

As negociações para uma segunda reunião estavam em curso desde o ano passado, mas essa possibilidade se complicou com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Decisão lógica do Santo Padre de anular o encontro com o patriarca russo, que abençoou o assassinato de milhares de pessoas", escreveu no Twitter o embaixador ucraniano na Santa Sé, Andrii Yurash.

O Papa já fez dezenas de discursos condenando a guerra e o "massacre" contra a população civil na Ucrânia, enquanto o patriarca ortodoxo, alinhado com o regime de Vladimir Putin, demonstrou apoio à invasão e disse que os russos estão "prontos para defender" seu país.

Os dois líderes realizaram uma reunião por videoconferência em 16 de março, quando Jorge Bergoglio alertou Cirilo que "as guerras são sempre injustas" e que figuras religiosas "não devem usar a linguagem da política".

Ao jornal La Nación, Francisco disse ter uma relação "muito boa" com o patriarca de Moscou e que sempre promoveu o "diálogo inter-religioso". "Para mim, o acordo é superior ao conflito", acrescentou.

O pontífice também foi questionado pelo diário argentino sobre uma possível visita a Kiev, capital da Ucrânia. "Não posso fazer nada que ponha em risco objetivos superiores, que são o fim da guerra, uma trégua ou pelo menos um corredor humanitário. De que serviria se o Papa fosse a Kiev e a guerra continuasse no dia seguinte?", rebateu.

Além disso, Francisco disse que nunca cita a Rússia ou Putin em seus discursos condenando o conflito porque "um papa nunca nomeia um chefe de Estado e muito menos um país".

"Toda guerra é anacrônica neste mundo e a essa altura da civilização. Por isso também beijei publicamente a bandeira da Ucrânia. Era um gesto de solidariedade com os mortos, com suas famílias e com os que sofrem a emigração", acrescentou. (ANSA)

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