O cardeal Angelo Becciu, que responde a dois processos por desvios financeiros e um por associação criminosa, afirmou durante uma conversa com familiares e amigos que o papa Francisco "queria a sua morte", revelam os jornais "La Repubblica" e "Corriere della Sera" nesta sexta-feira (25).
A conversa de Becciu com Giovanna Pani foi unida aos autos do processo por má gestão de fundos da Cooperativa Spes, de Ozeri, na Itália, que está sob investigação da Guarda de Finanças de Oristano, e ocorreu no dia 22 de julho.
O diálogo interceptado foi realizado dois dias antes do cardeal, com ajuda da filha de Pani, Maria Luisa Zambrano, gravarem uma conversa com o líder da Igreja Católica sem que Francisco soubesse. Na época, haviam completado apenas 10 dias em que o pontífice tinha recebido alta do hospital após passar por uma cirurgia.
Durante a conversa, o cardeal - o mais alto membro da Santa Sé a ser processado por um crime financeiro - afirmou que "não esperava que isso chegasse a esse ponto: ele querer a minha morte".
Na conversa, Pani encoraja o religioso dizendo que, fazendo a interceptação não autorizada, a "verdade triunfará" e que "a vitória será dos honestos". "Ele é bravo e quer seu fim. Ele é um grande covarde, mas você combate e fará aparecer a verdade, que é dura, eu sei", acrescentou ainda.
Becciu está sendo julgado pelo Vaticano por conta da compra de um prédio de alto luxo em Londres, enquanto o cardeal era o "número 2" da poderosa Secretaria de Estado, entre os anos de 2011 e 2018. A suspeita é que dinheiro que deveria ter ido para o Óbolo de São Pedro, órgão para caridade da Igreja Católica, foi desviado para a compra do prédio.
Além disso, o religioso responde a um processo na Santa Sé por desvio de verba da Cooperativa Spes - braço operacional local da ONG católica Cáritas - para parentes e amigos. Um dos irmãos de Becciu, Antonino, é o responsável por gerir a organização não governamental.
Nesta quinta-feira (24), o promotor do Vaticano informou que o religioso é alvo de uma nova investigação relativa à Cooperativa Spes por associação criminosa. Quem está lidando com o caso diretamente é o Tribunal de Sassari, que já transmitiu ao Vaticano os resultados das investigações realizadas pelas autoridades italianas.
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