(ANSA) - O Vaticano anunciou neste sábado (15) que o papa Francisco ratificou a nomeação por Pequim de um novo bispo católico para Xangai para manter um "diálogo aberto" e relações "respeitosas" com a China, apesar da indicação ter sido feita unilateralmente.
Em abril, o governo chinês irritou o Vaticano ao nomear Shen Bin, que já era bispo em Haimen e foi indicado para outra diocese por meio de uma decisão unilateral de Pequim, desrespeitando o acordo assinado entre as partes em 2018 e renovado em setembro do ano passado.
"O Santo Padre nomeou o arcebispo Joseph Shen Bin como bispo de Xangai, na China continental, transferindo-o da diocese de Haimen, província de Jiangsu", diz o comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano.
A decisão resolve o imbróglio que nos últimos meses havia provocado uma verdadeira "crise diplomática" entre a Santa Sé e a China.
A transferência do religioso havia sido feita por meio do Conselho de Bispos Chineses, órgão não reconhecido pelo Vaticano como oficial da igreja. A organização submete-se constantemente aos pedidos do Partido Comunista Chinês.
No entanto, com base no acordo firmado entre os dois lados - e com validade até 2024 -, o governo de Pequim se comprometeu a não nomear unilateralmente bispos e arcebispos católicos no país, sendo essa uma decisão da Santa Sé. O Vaticano, por sua vez, toma a decisão em comum acordo com Pequim.
Shen Bin nasceu em 23 de fevereiro de 1970 em Qidong, província de Jiangsu, estudou filosofia em Sheshan, Xangai, e teologia em Pequim, tendo sido ordenado sacerdote em 1º de novembro de 1996.
Em seguida, "desempenhou o ministério pastoral na diocese de Haimen, primeiro como vigário paroquial, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, depois como vigário geral e, por fim, como pároco, na Paróquia da Mãe de Deus".
Já em 17 de abril de 2010, ele foi nomeado para a Sé de Haimen, com o consentimento das duas partes, e quatro dias depois foi consagrado bispo. Desde 2022, Shen Bin também é presidente do órgão conhecido como "Colégio dos Bispos Católicos Chineses".
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou que o Papa quis "sanar a irregularidade canônica para o bem maior da diocese", para manter um "diálogo aberto" e um "confronto respeitoso com o lado chinês", mas admitiu ser "indispensável" que "todas as nomeações episcopais na China, incluindo as transferências, sejam feitas consensualmente, conforme acordado, e mantendo vivo o espírito de diálogo entre as partes" de forma a evitar "situações que criem dissabores e incompreensões".
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