A partir desta terça-feira (1°) até o próximo dia 6 de agosto, a cidade de Lisboa, em Portugal, sediará a edição de 2023 da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e receberá a sétima visita de um papa, além de acolher milhares de jovens peregrinos do mundo todo.
Segundo dados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mais de 10 mil brasileiros se inscreveram para participar do evento religioso, bem como 30 bispos, 900 padres e 300 voluntários.
"É um momento ímpar e único de encontro com Cristo, com o Papa, e de busca, de força, de fé, de entusiasmo pra seguir na missão de evangelizar as juventudes", afirmou à ANSA o presidente da Comissão Episcopal para a Juventude, dom Vilsom Basso.
A citação bíblica escolhida pelo papa Francisco como lema desta edição é "Maria levantou-se e partiu apressadamente" e faz referência ao relato da visita de Maria a sua prima Isabel, que se segue ao anúncio do anjo sobre a vinda de Jesus.
A passagem também inspira o logotipo oficial do evento, que tem a cruz como elemento central, atravessada por um caminho onde surge o Espírito Santo, com as cores verde, vermelho e amarelo - referência à bandeira do país-sede.
Essa é a primeira JMJ após a pandemia de Covid-19 e a invasão da Rússia à Ucrânia, mas experiências das edições passadas, como a do Rio de Janeiro, em 2013, mostraram que ela é capaz de multiplicar os frutos para a Igreja.
É o caso dos missionários brasileiros do Movimento Auxilia, oriundo da Arquidiocese de Aracaju (SE) e que até a JMJ do Rio era apenas um pequeno grupo de jovens, mas a presença de Jorge Bergoglio despertou neles "um grande impulso para a necessidade de discernimento sobre o nosso papel na Igreja e na sociedade".
"O evento é celebrativo, renovador e em caráter de unidade, onde jovens, vidas consagradas, sacerdotes e famílias se fazem presentes para ouvir o papa Francisco em seus ensinamentos e direções", disse o jovem Bruno Lucena, secretário geral do Movimento Auxilia, em entrevista à ANSA.
De acordo com ele, "a expectativa do encontro com o Papa traz à tona emoções, sentimentos, desejo de partilha, mas, sem dúvidas, o reconhecer-se amado e com lugar na Igreja". "Francisco fala aos corações juvenis e enxerga em nós o agora e o futuro, isso traz um sabor especial na peregrinação", acrescentou.
Um dos integrantes da delegação brasileira, Rony Matheus, conseguiu pagar integralmente sua viagem vendendo biscoitos na porta da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Aracaju (SE).
No entanto, apesar desse esforço de milhares de jovens, a Igreja Católica ainda enfrenta inúmeros desafios para evangelizar as novas gerações.
Segundo dom Vilsom, 30% dos jovens brasileiros acreditam que a igreja não é importante e não faz parte de suas vidas, os chamados "jovens desigrejados".
Para conquistar esse público, o representante da CNBB diz que a Igreja precisa atualizar sua linguagem e propor ações que cativem os jovens.
"O papa Francisco propõe uma pastoral da juventude que seja também uma pastoral que use a cultura, a música, o esporte, as questões ambientais, para sensibilizar e atrair a juventude", explicou, ressaltando que a Igreja precisa "mais do que nunca" de "esperança, alegria, entusiasmo e ousadia".
O evento, no entanto, também é alvo de protestos e acontece em um momento turbulento em Portugal, com promessas de greves nos setores de segurança e saúde pública.
Na última sexta-feira (29), o artista português conhecido como Bordalo II entrou no altar da missa de abertura da JMJ e desenrolou um tapete feito com grandes notas de 500 euros para criticar os gastos com a realização do evento.
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