(ANSA) - O papa Francisco lançou nesta quarta-feira (2), em Lisboa, um novo apelo contra a pedofilia e ressaltou a "decepção" e a "ira" que "alguns têm em relação à Igreja", muitas vezes pelo "nosso mau testemunho e pelos escândalos que lhe desfiguram o rosto".
Em encontro com bispos e padres de Portugal, o Pontífice reforçou que essas pessoas "pedem uma purificação humilde e constante, a partir do grito de dor das vítimas, para ser sempre acolhida e escutada".
A declaração é dada após uma investigação em Portugal revelar 4,8 mil casos de abusos contra menores nos últimos 70 anos na Igreja do país.
Desta forma, o argentino convidou todos a não permanecerem "enredados nas redes da resignação e do pessimismo" e convidou a Igreja a não desistir diante das dificuldades, também ligadas ao declínio das vocações.
No encontro com o clero local, realizado no Mosteiro dos Jerónimos, o Papa afirmou ainda que "na barca da Igreja deve haver lugar para todos: todos os batizados são chamados a subir a bordo e lançar as redes, comprometendo-se pessoalmente ao anúncio do Evangelho".
"É um grande desafio, sobretudo em contextos em que os sacerdotes e os consagrados estão cansados e os leigos com entusiasmo fraterno e sã criatividade pastoral", acrescentou.
Por fim, Jorge Bergoglio recomendou que todos rezem à Virgem Maria e ao Santo Antônio, padroeiro de Portugal.
Na sequência, Francisco recebeu um grupo de 13 pessoas vítimas de abusos por parte de membros do clero, acompanhadas de alguns representantes das instituições da Igreja portuguesa responsáveis pela tutela dos menores.
“O encontro aconteceu em um clima de intensa escuta e durou mais de uma hora, concluindo-se pouco depois das 20h15 (horário local)”, anunciou o Vaticano.
O líder da Igreja Católica iniciou hoje uma série de compromissos no território português por ocasião da edição de 2023 da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Mais cedo, inclusive, o religioso se reuniu com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, em um encontro privado na Nunciatura de Lisboa.
Além disso, conversou com o primeiro-ministro português, António Costa, e o presidente da Assembleia da República, Augusto Ernesto dos Santos Silva.
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