(ANSA) - O papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (4) que "pessoalmente" tem grande admiração pela China e as relações com o país asiático "são muito respeitosas".
A declaração foi dada pelo argentino durante coletiva de imprensa no voo de retorno da Mongólia, que recebeu um pontífice pela primeira vez em sua história. "As relações com a China são muito respeitosas, pessoalmente tenho grande admiração", disse ele.
Nos últimos dias, Francisco tem tentado melhorar o diálogo entre o Vaticano e Pequim e chegou, inclusive, a enviar saudações ao presidente Xi Jinping e ao seu povo, o qual classificou como "nobre", além de pedir aos católicos do território chinês que sejam "bons cristãos e bons cidadãos".
Em uma outra mensagem divulgada na Mongólia que parece ter sido dirigida à China, o religioso afirmou que os governos não devem temer a Igreja Católica porque ela não tem agenda política.
Na semana passada, o governo chinês proibiu bispos católicos de viajarem à Mongólia para acompanhar a visita do Papa ao país, com exceção de prelados de Hong Kong e Macau, onde a Igreja atua com mais liberdade.
"Penso que precisamos ir mais longe no sentido religioso, para nos compreendermos melhor. E os católicos chineses não deveriam pensar que a Igreja depende de uma potência estrangeira", acrescentou o Santo Padre no avião.
Jorge Bergoglio reforçou ainda que este processo "é um caminho amigável" e a "comissão presidida pelo cardeal [Pietro] Parolin faz um bom trabalho, também do lado chinês". "As relações são assim, a caminho".
Em abril passado, a China já havia incomodado o Vaticano ao nomear um bispo católico à revelia do Papa, violando um acordo bilateral assinado em 2018 e renovado no ano passado até 2024.
"Para a nomeação dos bispos existe uma comissão que trabalha, chinesa e com o Vaticano, há algum tempo que tem diálogo. E depois há muitos sacerdotes católicos ou intelectuais católicos que são convidados pelas universidades chinesas para lecionar lá", observou.
O Vaticano e a China romperam relações diplomáticas formais em 1951, quando a Santa Sé reconheceu a independência da ilha de Taiwan, que ainda é vista por Pequim como uma "província rebelde".
Vietnã
Ao longo da viagem de volta a Roma, Bergoglio também ironizou sobre a possibilidade de visitar o Vietnã, com quem recentemente a Santa Sé assinou um acordo sobre "o status e o escritório do representante pontifício residente" em Hanói.
"Tenho certeza que João XXIV irá ao Vietnã, isso é certo que ele estará lá", brincou.
De acordo com o argentino, o Vietnã é uma das belíssimas experiências de diálogo que a Igreja viveu nos últimos tempos".
"As partes tiveram a boa vontade de se compreenderem, de procurarem um caminho a seguir mesmo que houvesse problemas", lembrou.
Francisco recordou também que recebeu o presidente vietnamita, Vo Van Thuong, com quem falou livremente, e reforçou que "mais cedo ou mais tarde os problemas serão superados" no país.
"Estou muito positivo em relação às relações com o Vietnã. Está há fazer um bom trabalho, há um bom diálogo com eles, são muito respeitosos", concluiu, garantindo que "o diálogo está aberto".
Ao ser questionado sobre as próximas viagens que teria planejado, o líder da Igreja Católica admitiu que "viajar agora não é tão fácil como era no início", principalmente porque tem "limitações para caminhar", mas pensa em um pequeno país da Europa. "Estamos vendo se devemos fazer", disse o Papa, sem dar detalhes.
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