(ANSA) - O papa Francisco voltou a ser alvo da ala conservadora da Igreja após um documento divulgado nesta quinta-feira (29) definir as sete prioridades de um suposto próximo conclave "para reparar a confusão e a crise criada" pelo atual Pontificado.
O texto foi publicado no site conservador "La nuova bussola quotidiana" ("A nova bússola diária", em tradução livre) em seis idiomas diferentes - italiano, inglês, francês, espanhol, alemão e polonês - e seu autor principal é um cardeal, cuja identidade não foi revelada, que coletou sugestões para garantir uma "reflexão sobre as prioridades da Igreja".
O religioso anônimo destaca que o Pontificado de Jorge Bergoglio ficou marcado pela solidariedade com os pobres e marginalizados, além da preocupação com as questões ambientais, mas tem "deficiências igualmente evidentes".
O papado do argentino é acusado de ter um "estilo de governo autocrático, às vezes aparentemente vingativo; de um certo descuido em questões de direito; de uma intolerância ao desacordo, mesmo respeitosamente; e, mais seriamente, de um padrão de ambiguidade em questões de fé e moral que causa confusão entre os fiéis".
"A confusão gera divisão e conflito. Isso mina a confiança na Palavra de Deus e enfraquece o testemunho evangélico. E o resultado hoje é uma Igreja mais fraturada do que em qualquer momento da sua história recente", escreve.
Segundo o texto, a tarefa do próximo pontificado deve, portanto, ser a de recuperar e restabelecer as verdades que foram lentamente obscurecidas ou perdidas entre muitos cristãos.
O documento reforça que o Papa "não pode mudar a doutrina da Igreja e não deve inventar ou altera arbitrariamente a disciplina" e deve fazer isso sempre em fiel continuidade com a palavra de Deus e o com ensinamento da Igreja. "Os 'novos paradigmas' e 'novos caminhos inexplorados' que se desviam de ambos não são de Deus", acrescenta.
Para o cardeal anônimo, a Igreja não é uma autocracia nem uma democracia, mas sim pertence a Jesus Cristo. Por isso, "não temos autoridade para mudar seus ensinamentos para se adequarem ao mundo".
De acordo com ele, a Igreja na Itália e em toda a Europa - pátria histórica da fé - está em crise e o próprio Vaticano precisa urgentemente de uma renovação da moralidade, de uma limpeza das instituições, dos procedimentos e do pessoal e de uma profunda reforma das finanças para se preparar para um futuro mais desafiante.
O novo documento se insere no descontentamento de conservadores com o pontificado progressista de Francisco, que tem sido duramente criticado por permitir a comunhão a divorciados e por suas aberturas a homossexuais.
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