O papa Francisco participou na última terça-feira (25) de uma audiência privada na Casa Santa Marta, no Vaticano, com alguns padres alemães vítimas de abusos cometidos por outros sacerdotes.
Entre os presentes estava dom Mathias Wuensche, que enfrenta as feridas dos abusos sofridos por um padre dentro da Igreja há 45 anos, quando ainda era menor. "Sou um sacerdote de 63 anos e um padre abusou de mim há 45 anos. Ainda hoje sofro", diz ele, que é da Diocese de Bamberg, à Rádio Vaticano - Vatican News.
Segundo Wuensche, Jorge Bergoglio disse que esta "é a cara feia da Igreja" e demonstrou uma "grande proximidade" às vítimas. "O Santo Padre estava muito consciente, isso é um consolo".
"Como sacerdotes que sofreram abusos, encontramo-nos numa situação difícil na Igreja. Idealmente, deveríamos ser invisíveis porque somos constantemente lembrados deste problema", relatou o padre Liudger Gottschlich, da arquidiocese de Paderborn, que também foi vítima de abusos cometidos por um padre quando tinha 11 anos.
De acordo com Gottschlich, na Alemanha, muitas pessoas abandonam a Igreja Católica por causa deste problema.
Os sacerdotes presentes no encontro já haviam conhecido o Papa em maio do ano passado, ao participarem, com um grupo de cerca de 15 pessoas, entre idosos e jovens, de uma "peregrinação" de bicicleta que começou em Munique e terminou em Roma, durante a audiência geral de quarta-feira na Praça São Pedro.
A iniciativa, apoiada pela Arquidiocese de Munique e Freising, visa pedir um maior compromisso contra os abusos sexuais, para que a Igreja seja "um lugar seguro" para todos. Este objetivo foi reiterado em uma carta que o grupo entregou ao Papa.
Por fim, Gottschlich destacou que a audiência com o líder da Igreja Católica ocorreu em um "clima especial" de proximidade e sinceridade. "Esta conversa com o Papa foi diferente, muito íntima, muito familiar. Achamos que foi muito encorajadora e fortalecedora".
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