O papa Francisco alertou nesta quinta-feira (27) para o impacto da ação humana sobre a natureza, denunciando que ela "está escravizada e é incapaz de fazer o que foi projetada para fazer" devido "aos abusos do homem".
Em uma mensagem publicada por ocasião do "Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação", que será celebrado no dia 1º de setembro com o tema "Esperar e agir com a criação", o Pontífice propõe uma "ecologia humana e integral" que contrarie a exploração descontrolada dos recursos naturais.
"Esta conversão consiste em passar da arrogância de quem quer dominar os outros e a natureza - reduzida a um mero objeto manipulável - à humildade de quem cuida dos outros e da criação", afirma.
Além disso, destaca que as criaturas da natureza "foram submetidas ao jugo da escravidão, explicando que "tal como a humanidade, a criação - sem culpa própria - é escravizada e incapaz de fazer o que foi concebida para fazer, isto é, de ter significado e propósito duradouros. " Está sujeito à dissolução e à morte, agravadas pelo abuso humano da natureza", acrescenta.
O argentino convida a "repensar a questão do poder humano", tendo em vista que "um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós mesmos".
"Por isso, hoje, é urgente colocar limites éticos ao desenvolvimento da inteligência artificial, que com a sua capacidade de cálculo e de simulação poderia ser utilizada para dominar o homem e a natureza, em vez de estar ao serviço da paz e do desenvolvimento integral", reforça.
Segundo ele, "a terra está confiada ao homem, mas continua a ser de Deus. Este é o antropocentrismo teológico da tradição judaico-cristã. Por isso, pretender possuir e dominar a natureza, manipulando-a a seu bel-prazer, é uma forma de idolatria".
Por fim, aponta a esperança de que no futuro seja "possível contemplar com esperança o vínculo de solidariedade entre os seres humanos e todas as outras criaturas", mas enfatiza que é necessário eliminar "a arrogância daqueles que querem dominar os outros e a natureza".
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