Com as negociações travadas devido às discordâncias entre países ricos e pobres, a COP27, que estava prevista para terminar nesta sexta-feira (18), deve prosseguir no sábado (19) e possivelmente até domingo (20).
A informação foi passada à ANSA por fontes diplomáticas em Sharm el-Sheikh, cidade egípcia que recebe a cúpula climática da ONU em 2022.
As negociações estão atrasadas, e apenas na última madrugada foi divulgado um rascunho estruturado de documento conclusivo, mas será necessário mais tempo para se obter um resultado concreto.
A expectativa é de que a iniciativa da União Europeia de instituir um fundo para indenizar países vulneráveis pelas perdas e danos provocados pela crise climática - instrumento previsto no Acordo de Paris - acelere as tratativas.
A proposta foi lançada nesta sexta-feira pelo vice-presidente da Comissão Europeia (poder Executivo da UE), Frans Timmermans, e prevê que o mecanismo seja financiado com fontes de recursos "inovadoras", como impostos sobre aviação, setor marítimo e combustíveis fósseis.
"No ano que vem, será necessário um rápido processo de mapeamento das carências, assegurando que os recursos sejam adequados às exigências dos mais vulneráveis", explicou Timmermans.
Segundo ele, no entanto, os países precisam reafirmar o compromisso de limitar o aumento das temperaturas neste século a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, meta que já está perto de ser descumprida. "Se não elevarmos nossas ambições imediatamente, chegaremos a um ponto de não-retorno, e nenhum montante para perdas e danos será suficiente", disse.
O esboço do documento conclusivo da COP27 reconhece a gravidade das perdas e danos ligados ao aquecimento global nos países mais vulneráveis, porém deixa em branco o espaço destinado aos instrumentos de reparação.
O texto também expressa preocupação com o atraso na implantação do fundo de US$ 100 bilhões por ano para ajudar países emergentes a descarbonizar suas economias, outro instrumento previsto no Acordo de Paris e que deveria ter entrado em vigor em 2020.
Em seu discurso em Sharm el-Sheikh, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva foi incisivo a respeito desse ponto e prometeu "cobrar" os países ricos a implantar o fundo prometido às nações em desenvolvimento. (ANSA)
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