O Parlamento da Itália começa nesta segunda-feira (24) com as votações que vão eleger o novo presidente do país pelos próximos sete anos. No entanto, o primeiro escrutínio deve ter votação em branco de grande parte dos partidos que formam a base aliada do atual governo por falta de consenso.
Entre as opções, está o próprio premiê Mario Draghi, que alguns partidos gostariam de colocar no Palácio Quirinale por conta de seu perfil não ligado à política partidária. Além do atual chefe de governo, são cotados a ministra da Justiça Marta Cartabia; a presidente do Senado, Maria Elisabetta Alberti Casellati; os ex-premiês Giuliano Amato e Paolo Gentiloni; o parlamentar Pier Fernando Casini; e a vice-governadora da Lombardia, Letizia Moratti.
Durante o fim de semana que antecedeu a disputa, surgiu o nome do ex-ministro para a Cooperação Internacional e Integração Andrea Riccardi. E há ainda quem deseje que o atual titular do posto, Sergio Mattarella, faça um segundo mandato ao menos até o fim da atual legislatura, que se encerra no ano que vem.
A primeira eleição está marcada para às 15h (11h no horário de Brasília), mas não há uma quantidade exata de escrutínios a ser realizada.
Para ser eleito o novo presidente da Itália, um candidato precisa obter dois terços dos 1009 votos disponíveis (673), mas esse patamar vale apenas para os três primeiros escrutínios. Se o pleito chegar até a quarta votação, passa a ser necessária apenas a maioria simples (505).
Essa diferença é uma maneira de incentivar os partidos a buscar um consenso o mais amplo possível.
Entre os principais articuladores estão os líderes do bloco centro-direita: Matteo Salvini, da Liga, e Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália (FdI). Já Silvio Berlusconi, do Força Itália, renunciou à candidatura para presidente e foi cuidar da saúde em um hospital de Milão.
Do outro lado, está a união entre a sigla de centro-esquerda Partido Democrático (PD), de Enrico Letta, e o populista Movimento 5 Estrelas (M5S), de Giuseppe Conte. Aliados às decisões deles, está a coalizão Livres e Iguais (LeU).
Já mais isolado, mas nem por isso sem jogar suas cartas, está Matteo Renzi, líder do Itália Viva (IV).
O bloco de centro-direita, dos quais FI e Liga fazem parte da coalizão que sustenta Draghi, é relutante em colocar o atual premiê na função de presidente e quer um nome independente. Apenas Meloni é propensa a isso, já que sua legenda poderia ser a vencedora de uma disputa eleitoral antecipada e ela poderia se tornar primeira-ministra.
Já Letta falou abertamente em apoiar o nome de Draghi - apesar de Conte não ser um fã da ideia - ou de indicar Riccardi. Segundo os cálculos do político, porém, um acordo para apoiar um indicado "deve ocorrer entre terça ou quarta-feira" apenas.
Reunião
Antes da votação, diversos líderes vão se reunir com suas bases para definir o que fazer exatamente na sessão dessa segunda. Entre os encontros mais esperados, está um entre os "rivais" Letta e Salvini.
Conforme anunciou o representante da centro-esquerda, a intenção é entender o que o bloco quer exatamente e se é possível encontrar qualquer tipo de consenso.
Já Salvini afirma que, por ter supostamente a maioria dos votos em uma eleição, com base nas pesquisas de opinião, é a centro-direita quem deve indicar o sucessor de Mattarella.
No fim da manhã, o PD, a LeU e o M5S confirmaram que irão votar em branco na primeira sessão. O grupo, que busca um consenso com um "nome de alto perfil", quer mais debates com os aliados que formam a base do atual governo, segundo o que foi decidido durante a reunião de líderes nessa manhã.
Horas depois, a Liga também anunciou a mesma medida.
"A Liga votará em branco. Confirmamos que somos responsáveis e sérios", disse Salvini.
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