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UE alerta programas na Itália sobre participação de russos

UE alerta programas na Itália sobre participação de russos

Talk shows vêm dando amplo espaço para alinhados ao regime Putin

BRUXELAS, 02 maio 2022, 14:49

Redação ANSA

ANSACheck

Sede da emissora pública italiana Rai, em Roma - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

A presença recorrente de jornalistas de veículos estatais da Rússia em talk shows na Itália entrou na mira da União Europeia, que afirmou que as emissoras dos Estados-membros do bloco não podem permitir a "incitação à violência" em seus programas.

Programas de auditório italiano passaram a ser alvos de questionamentos por receber jornalistas ou autoridades da Rússia e permitir, sob os argumentos da liberdade de expressão e da necessidade de se ouvir todos os lados, que os convidados espalhem desinformação sobre a guerra na Ucrânia, muitas vezes sem nenhuma contestação.

Questionada sobre o assunto, a Comissão Europeia, poder Executivo da UE, disse nesta segunda-feira (2) que a participação de jornalistas de veículos sancionados pelo bloco, como Sputnik e Russia Today, precisa sempre ser "contextualizada".

"As emissoras da UE e dos Estados-membros não podem permitir a incitação à violência ou ao ódio em seus programas", afirmou um porta-voz da Comissão Europeia, acrescentando que tanto Sputnik quanto Russia Today são alvos de sanções por "desinformação".

"A liberdade de expressão é de fundamental importância, mas aqui não se trata de censurar opiniões. Os jornalistas não são alvos de sanções, porém existe uma cláusula de não evasão, e essa cláusula se aplica também aos jornalistas. A liberdade de expressão não pode ser usada por outros veículos para fugir das sanções", explicou o porta-voz.

A abordagem dos talk shows da Itália sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia também é alvo de apurações da Comissão Parlamentar para a Vigilância dos Serviços de Rádio e TV, que se concentra sobretudo na emissora pública Rai.

O comitê do Parlamento italiano quer determinar se jornalistas convidados podem ser considerados funcionários do regime de Vladimir Putin. "A Rai poderia dar mais espaço aos jornalistas russos que tiveram o espaço cassado, ao invés de convidar aqueles que são, na prática, funcionários do Ministério da Defesa russo", disse o deputado de centro-esquerda Andrea Romano.

Ele fazia referência à participação no programa Cartabianca, da Rai, da jornalista Nadana Fridrikhson, do canal Zvezda, controlado pelo Ministério da Defesa de Moscou.

Outro episódio ocorreu no último domingo (1º), quando o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, concedeu uma longa entrevista ao canal Rete 4, do grupo privado Mediaset, comandado pelo ex-premiê Silvio Berlusconi.

Na ocasião, o chanceler foi pouco contestado pelos jornalistas presentes e disse até que "Hitler tinha origens judaicas", declaração que provocou repúdio em Israel. "A intervenção de Lavrov, pela forma como ocorreu e pela montanha de fake news, confirma nossas preocupações", disse o presidente do Comitê Parlamentar para Segurança da República (Copasir), Andrea Urso.

Já o ex-premiê Enrico Letta, líder da centro-esquerda italiana, chamou de "inaceitável" a concessão de espaço para Lavrov fazer "propaganda de guerra contra a Ucrânia".

O diretor-geral de informação do grupo Mediaset, Mauro Crippa, rebateu as críticas. "As afirmações delirantes de Lavrov têm importância porque confirmam claramente a falta de vontade da parte de Putin para chegar a uma solução diplomática. Lavrov é o número dois da Federação Russa. A entrevista é um documento que fotografa a história contemporânea", declarou. (ANSA)

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